Nações Unidas, 19/6/2012– Quando começar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, entre os estimados 60 mil participantes não estarão apenas líderes mundiais, delegados governamentais e pessoal da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também uma ampla gama de ativistas de todos os cantos do planeta.
A ONU constatou que haverá uma forte presença de agricultores, empresários, sindicalistas, consumidores, estudantes, indígenas, religiosos, acadêmicos, representantes de organizações não governamentais e jornalistas. E também haverá mais de mil voluntários proporcionando seus serviços praticamente grátis por intermédio da agência UN Volunteers (UNV).
Administrada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a UNV reúne e mobiliza voluntários em esforços de desenvolvimento. Anualmente, cerca de 7.500 homens e mulheres qualificados, de aproximadamente 160 nacionalidades, servem como voluntários da ONU em 130 países. Em entrevista à IPS, a coordenadora executiva da UNV, Flavia Pansieri, expressou a satisfação da agência em poder colaborar com a Rio+20. Por meio deste projeto de inclusão, cerca de 1.500 voluntários das comunidades menos favorecidas e de universidades ajudarão na organização da conferência, informou.
IPS: Quais progressos conseguiu sua campanha de voluntariado com relação ao desenvolvimento sustentável?
Flavia Pansieri: Desde seu lançamento, em abril, a campanha “A ação voluntária conta” teve enorme êxito, com mais de mil histórias de voluntariado enviadas e mais de 63 milhões de ações voluntárias registradas até agora em seu site. A campanha estimula as pessoas e as organizações a compartilharem suas contribuições voluntárias com o desenvolvimento sustentável enviando suas histórias para o site. Estas são divididas em várias categorias, desde luta contra a pobreza e a fome e o fortalecimento das comunidades, até esforços para melhorar a resistência e a preparação diante de desastres naturais e a proteção do meio ambiente. As histórias são apresentadas no site, e cada ação de voluntariado vai sendo somada em um contador na página. Em Moçambique, por exemplo, mais de 700 voluntários se mobilizaram, por meio de uma iniciativa de uma organização internacional com sede na Grã-Bretanha, para apoiar as pessoas com HIV/aids. Entre outras coisas, os voluntários trabalham em hortas que fornecem alimentos e plantas medicinais às pessoas com HIV (vírus da deficiência imunológica humana, causadora da aids). Na Estônia, com a campanha “Façamos”, 50 mil voluntários limparam todo o país de lixo ilegal em apenas cinco horas, coletando dez mil toneladas de resíduos. Na China, Índia, Indonésia, Filipinas e Tailândia cerca de cinco mil jovens voluntários da organização Habitat para a Humanidade colocaram tijolos, prepararam cimento e usaram seus martelos para ajudar mais de 500 famílias em apenas um dia.
IPS: O quanto é exitoso o conceito de voluntariado no sistema das Nações Unidas?
FP: Em 2011, mais de 7.300 integrantes da UNV trabalharam pela paz e pelo desenvolvimento dentro do Pnud e de outras agências da ONU em todo o mundo, ajudando as pessoas a levarem vidas mais produtivas e satisfatórias por meio de educação de qualidade e melhor atenção médica, ou garantindo acesso equitativo a recursos e práticas sustentáveis. Até agora, mais de 14 mil voluntários participaram em mais de 40 operações de manutenção e construção de paz diferentes. Atualmente, mais de 2.400 voluntários apoiam as 17 operações de paz da ONU. Trabalham em mais de 120 tipos de funções, desde conselheiros em matéria de direitos humanos até administradores de abastecimento, observadores eleitorais e assessores de imprensa.
IPS: Qual a dificuldade em encontrar voluntários no contexto da crise financeira global?
FP: O voluntariado é uma fonte fundamental de fortaleza comunitária e de capacidade de resistência em todas as sociedades do mundo. O voluntariado se expressa por meio de uma ampla gama de atividades, incluindo formas tradicionais de ajuda mútua, prestação formal de serviços e realização de campanhas e ativismo, bem como outras formas de participação civil.
IPS: Os voluntários recebem compensação de alguma forma? Como a UNV é financiada?
FP: O benefício fundamental de integrar a UNV é a satisfação pessoal que proporciona o trabalho voluntário para os que dela participam, pois conseguem um impacto positivo na paz e no desenvolvimento. Os participantes são apoiados de diversas maneiras, como subsídios ou seguro médico e de vida pela UNV, uma organização que recebe contribuições voluntárias de doadores e países sócios. Envolverde/IPS