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Adolescentes com câmera, uma força para a mudança

O catariano Nassir Abdulaziz al-Nasser, alto representante da Aliança de Civilizações, junto com jovens da organização nova-iorquina City Kids. Foto: Joan Erakit/IPS

 

Nova York, Estados Unidos, 17/4/2013 – Há jovens que não são passivos consumidores de conteúdos, mas os criam e os atualizam continuamente por meio das redes sociais. Difundem informação mais rapidamente do que o tempo que levam para dizer “vá”. A Aliança das Civilizações da Organização das Nações Unidas (Unaoc) preparou, junto com o Colégio de Professores da Universidade de Colúmbia, em Nova York, o simpósio “Conversações entre culturas: visão dos jovens sobre a mídia”.

O projeto se concentrou na opinião dos jovens sobre diversidade, migrações e inclusão social por meio de uma produção audiovisual. No encontro realizado no final de semana na Universidade de Colúmbia, o catariano Nassir Abdulaziz al-Nasser, ex-presidente da Assembleia Geral da ONU e alto representante da Unaoc, destacou o forte investimento da Aliança no desenvolvimento dos jovens.

“A Unaoc está comprometida em facilitar a participação dos jovens com suas visões e opiniões sobre o processo político. Várias iniciativas da Aliança objetivam esse compromisso. Também está comprometida em apoiar a distribuição de novos veículos de comunicação e de mensagens de meios nos quais os jovens representem a si mesmos”, afirmou Nasser.

Representação para uma mudança

Sua representação foi precisamente a razão para dar aos jovens um microfone, uma câmera de vídeo e acesso à internet. Os grandes meios de comunicação nem sempre poderão estar dispostos a lhes dar voz por medo de suas opiniões pouco ortodoxas, mas o programa Visão dos Jovens sobre os Meios os incentivou, facilitando-lhes todos os aspectos educacionais e em matéria de produção, bem como a ajuda de profissionais experientes.

“É muito apropriado receber um programa que tem um enorme impacto, porque essa é uma forma de os jovens se expressarem e fazerem a diferença, bem como se comunicarem derrubando barreiras culturais e ajudarem as pessoas a se entenderem”, disse Susan Furhman, presidente do Colégio de Professores.

O simpósio, que incluiu vários elementos digitais como filmes, painéis e produção de vídeo, foi um caminho para estabelecer diálogo entre educadores e jovens, e discutir formas de mudança. Em 46 curtas realizados por adolescentes de todo o mundo, temas como migrações, educação, abuso e assédio, desemprego e pobreza são tratados com clareza e honestidade.

No curta Vivendo no Limbo: Jovens Sem Trabalho e Fora da Escola, um grupo de adolescentes registra um dia na vida de uma jovem mãe nova-iorquina, que vive entre os perigos de procurar emprego enquanto cuida dos filhos e sofre episódios de depressão. O vídeo tenta explicar o problema da desconexão dos jovens nos Estados Unidos, um fenômeno que deixou muitos fora da escola.

Sem importar onde é criado um menino ou uma menina e quais recursos tem à sua disposição, a tecnologia, uma vez lançada, se torna uma ferramenta de aprendizado como qualquer outra “A tecnologia promove este tipo de alegria, se consegue conhecer coisas por meio de uma espécie de jogo”, disse à IPS a artista Laia Sole, educadora e curadora do projeto. O projeto aproveita esse aspecto convidando os participantes para conversas sobre a introdução aos meios e à tecnologia em localidades distantes e em espaços culturais que costumam ficar isolados.

“Meninos e meninas atuam todos os dias da mesma forma. A introdução aos meios e à tecnologia na sala de aula é algo que se vê em todo o mundo”, disse Sole à IPS. “Mudou a forma como nos aproximamos da tecnologia e como a construímos. É algo que promove a interação e se baseia mais nos sentidos. É mais táctil e visual e algo com o qual os humanos se relacionam, especialmente na infância”, detalhou.

O simpósio, realizado de 12 a 14 deste mês, também teve participação de oito organizações não governamentais de todo o mundo cujo objetivo principal é potencializar os jovens no uso dos meios. “Uma das coisas que me pareceram importantes de trabalhar neste projeto foi o que aprendi com elas”, disse Sole. “São móveis, flexíveis, com desempenho em ambientes formais e informais, isto é, podem chegar a comunidades que de outro modo seriam inalcançáveis”, explicou.

“Meu principal objetivo seria ver como as diferentes organizações operam para saber quais as vantagens de trabalhar com meios em qualquer ambiente educacional, formal ou informal”, concluiu Sole. O projeto da Unaoc continuará exposto na Macy Gallery de Nova York até o dia 19. Envolverde/IPS