Por Leno F. Silva –
De uns tempos para cá, em função dos diversos trajetos que faço a pé, principalmente próximo a universidades, é comum constatar que essa juventude tem substituído o tradicional café com leite e pão na chapa por copos de cerveja gelada, sem qualquer acompanhamento mais substancioso.
Não tenho dados, mas é visível que a cerveja configura-se, cada vez mais, com a porta de entrada para o consumo de drogas lícitas e mesmo com a proibição de venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos não é rato flagrar adolescentes tomando “umas cervas” antes de retornar para as aulas do ensino fundamental.
Desconfio também que em determinadas regiões do Brasil as mulheres estão consumindo mais cerveja do que os marmanjos e, provavelmente, em maior quantidade. Ficou no passado o período em que as meninas apreciavam apenas refrigerantes e drinks docinhos, como Dry Martini, e quase nada dos distintos sabores amargos de cerveja.
Se muitos já substituíram o pingado matinal pelo litrão, imagino como devem terminar a noite. Provavelmente nos braços de Morfeu ou na emergência de um Pronto Socorro mais próximo em busca da Santa Glicose que ajudará a cortar os efeitos da ingestão alcoólica.
Será que a turma que troca o café da manhã pela loira gelada, faz isso por conta das propriedades nutritivas do lúpulo, da cevada, e do trigo? Ou embalada por aquele famoso samba que diz: “Eu bebo, sim; estou vivendo. Tem gente que não bebe e está morrendo, eu bebo, sim”.
Talvez essa seja a primeira geração a transformar a cerveja em item imprescindível nas três refeições diárias e nos intervalos. Afinal é preciso manter o equilíbrio de 2/3 de líquido presente no corpo humano, pelo menos até a invenção da cerveja sólida. Por aqui, fico. Até a próxima.
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.