Diversos

“Os fins justificam os meios?”

AMandragoraPor Leno F. Silva – 

Fazia tempo que não ia ao teatro. No último sábado fui ver “A Mandrágora”, de Nicolau Maquiavel, numa saborosa montagem dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo, do Grupo Tapa.

Maquiavel é autor da obra “O Príncipe”, de 1513, na qual ele sugeriu a frase “os fins justificam os meios”, sempre atual ainda mais em tempos de caça aos corruptos no Brasil e no mundo. Esse pano de fundo também está escancarado em toda a encenação que trata dos mecanismos que uma certa majestade aceita utilizar para tentar engravidar a sua esposa e, quem sabe com isso, gerar o tão sonhado herdeiro.

A temática e os diálogos dessa tragicomédia são tão atuais que parecem ter sido escritos nos dias de hoje. Mais uma comprovação de que as práticas de corrupção para diferentes finalidades remontam o início da formação das nossas sociedades, e pelo que temos constatado ainda demorará muito para as exterminarmos.

Os 90 minutos de espetáculo são uma deliciosa mistura de excelentes interpretações, ótimas sacadas de humor e uma direção segura que privilegia os talentos dos atores, com destaque para Guilherme Sant’Anna, vencedor do Prêmio Shell.

Um programa delicioso, a preços acessíveis, que sem perder a visão crítica, nos faz refletir com graça sobre nos mesmos. Em cartaz até 01 de novembro de 2015. Corra, antes de seja tarde. E não deixe de convidar os amigos. Por aqui, fico. Até a próxima.

Serviço:

A Mandrágoara

Realização: Grupo Tapa

Tradução e Direção: Eduardo Tolentinode Araújo

Elenco: Guilherme Sant’Anna | André Garolli | Bruno Barchesi | Cesar Baccan | Cinthya Hussey | Maria do Carmo Soares | Paulo Marcos

Quintas e sextas-feiras às 20h30 l R$ 30,00 inteira / R$ 15,00 meia
Sábádos às 20h30 e domingos às 19h | R$ 40,00 inteira / R$ 20,00 meia

Duração:
 90 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Teatro Aliança Francesa – Rua General Jardim, 182 – Vila Buarque

Informações: 11 3017-5699 r. 5602 / 5608 / 5617

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.