Por Liliane Rocha*
Quando vejo as pessoas com posturas profundamente maniqueístas nas redes sociais sei que ainda estamos longe de avançarmos na solução dos reais problemas da sociedade. Simplesmente porque por trás dessa demonização seja do Lula, do Aécio, da Dilma, do Cunha, há um contraponto latente do outro lado da linha que é a esperança pelo Salvador.
Demoniza-se uma dessas figuras e esperasse que a figura que tem a representativa oposta assumira o poder e resolvera todos os problemas do país, heroicamente. E de uma sua vez. Bom, vamos as notícias tristes. Uma pessoa sozinha não muda o país. Para mudar são necessários 170 milhões de brasileiros.
“Ah, mas os políticos são pagos para isso”, diriam alguns. “Ah, mas eu não sou presidente da república”, bradariam outros. É verdade, esperamos que os homens ou as mulheres que elegemos no regime democrático, seja no executivo ou no legislativo, trabalhem em prol dos interesses do povo. Fato também, que eles são pagos para exercer essa função e que nós pagamos o seu salário, ao responsavelmente pagarmos os nossos impostos. No entanto, sejamos honestos, o sistema está repleto de falhas. Falhas na constituição, nos processos, nos trâmites. Estamos em um país no qual já figura a 8ª Constituição com mais de 1.000 artigos. Uma colcha de retalhos. Um emaranhado.
Em um mundo que atribuiu funções ao poder público, mas no qual 62 famílias detém metade da riqueza mundial. Em um mundo no qual vigora o sistema capitalista, que preza o lucro acima de todas as coisas e o retorno aos acionistas como medida máxima do sucesso dos negócios. Neste mundo, neste sistema, com está legislação, realmente não há como esperar um único Salvador.
Não há como fechar os olhos para os vícios, casos de corrupção e mazelas, envolvendo quase todas as figuras públicas do país, independente de partido. Não, a solução não virá do Congresso. A solução virá do esforço individual de 170 milhões de brasileiros. E aqui quando falamos esforço, é esforço! Menos visão maniqueísta, mais atitude. Menos tempo investido em futilidade e fofoca, mais tempo investido em estudo, geração de conhecimento. Menos rancor, menos ódio, mais ação, mais mudança, mais transformação.
Toda saga de um grande Salvador, mostra um grande sacrifício individual. E é por isso, que é tão difícil gerar a mudança que queremos no país. Ao eleger um representante público, muitas vezes esperamos que ele ou ela, assim como a figura do herói, arque sozinho com todo o sacrifício e esforço necessário para fazer a mudança do país. Aqui vai a notícia, esse mito, meu amigo, não existe. Ou melhor, existe sim, mas é o símbolo das escolhas de cada um de nós.
Estamos em um momento no qual, cada brasileiro, terá que decidir por si, se quer ou não ser o Salvador e o herói deste país. Se está ou não disposto a se esforçar e fazer sacrifícios. E essa mudança perpassa por mais trabalho, mais amor, mais estudo, mais compreensão, mais senso critico complexo, mais ação, mais trabalho voluntário, mais envolvimento com a sociedade. O caminho exige mais de nós, em uma sociedade na qual por vezes as pessoas querem dar menos. O que você consome, o que você estuda, o que você faz pela sociedade, como você enxerga a extrema pobreza do país, como você vota, mas mais importante como você acompanha, controla e cobra o seu eleito?
Quando todos estiverem dispostos a responder perguntas como esta e mudar os seus comportamentos. O país muda! Neste dia cada brasileiro terá se tornado o herói desta nação. (#Envolverde)
* Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para Envolverde sobre Diversidade e Sustentabilidade.