Por Redação da ONU*
Marrakech, 15 de novembro de 2016 – A ONU Ambiente afirmou nesta terça-feira (15), durante a última roda de negociações da 22ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP22, em Marrakech, Marrocos, a urgência dos países desenvolvidos fazer o possível para incrementar e acelerar seu apoio às nações emergentes, para que estas consigam se adaptar aos efeitos nocivos das mudanças climáticas.
No marco do Acordo de Paris, os países ricos se comprometeram a mobilizar 100 milhões de dólares anualmente até 2020 para ajudar os países em vias de desenvolvimento a diminuir as emissões de gás efeito estufa (mitigação) e se adaptar ao incremento das temperaturas. Assim também contribuir com avanços deste compromisso em 2025.
No entanto, um estudo sobre a brecha de adaptação da ONU Ambiente em 2016 prova que o custo para adaptar estes países está em torno de 140 e 300 mil milhões de dólares até 2030, e de 280 a 500 milhões em 2050, cinco vezes mais do que estava previsto.
“O mundo se comprometeu a ajudar os países emergentes a se adaptar aos transtornos e dificuldades provocados pelas mudanças tais como o aumento do nível do mar e padrões de chuva diferentes”, disse Erik Solheim, diretor executivo da ONU Meio Ambiente. “Precisamos manter este compromisso, diminuir a brecha das finanças nesta adaptação e evitar que os danos se incrementem duplicando nossos esforços para estabilizar o clima no mundo”.
O informe sobre a brecha existente nas emissões da ONU Ambiente, publicado na semana passada, revela que o mundo ainda está caminhando para o aquecimento global de 2,9 a 3.4 °C neste século, muito além do limite recomendado de 2 °C.
A falta de comprometimento com o limite de aquecimento global colocará os países emergentes frente à uma alteração gigante, que pode gerar custos elevados. Da mesma forma, mesmo alcançando as metas estabelecidas o financiamento continuará sendo necessário para diminuir o impacto global das mudanças climáticas.
O estudo da ONU Ambiente prova que o financiamento bilateral e multilateral para a adaptação a estas mudanças aumentou de forma constante e chegou aos 25 mil milhões de dólares em 2014. Deste total, 22,5 milhões foram destinados para ajudar países na região sul de Asia e África subsariana, com projetos de gestão da água e águas residuais.
No futuro, a maior parte do apoio será distribuído à instituições financeiras do desenvolvimento. No final de 2015, foi aprovado um reembolso superior a 35 milhões de dólares.
O Fundo Verde do Clima, importante gestor no financiamento desta adaptação, se comprometeu a investir 2,5 milhões de dólares até o final de 2016. Sua diretoria aprovou 10 projetos em outubro sobre mitigação e adaptação. Até o momento foram investidos 1,2 milhões. No entanto, o Fundo dos Países emergentes aprovou projetos com um valor superior a 170 milhões de dólares, mas sem o financiamento disponível.
“Os países em desenvolvimento estão interessados em receber os fundos necessários para realizar esta adaptação de forma urgente”, afirmou Solheim. “A construção da resiliência nos países em desenvolvimento pode prevenir desastres naturais gerados pelo clima até mesmo o colapso econômico nos anos futuros, e precisamos fazer o que está ao nosso alcance para identificar projetos que precisem desta ajuda o mais rápido possível”.
O estudo sobre a brecha de adaptação, publicado em maio, faz parte dos esforços da ONU Meio Ambiente para ajudar os países a cumprir seus acordos climáticos. Este informe complementa o estudo sobre a brecha de emissões, edição 2016, publicado no 3 de novembro, um dia antes do Acordo de Paris entrar em vigor.
Confira neste link o Informe sobre a brecha de adaptação. (#Envolverde)
* Tradução: Katherine Rivas, da Envolverde.