Entrevista com Roseli Capudi* –
Chegou a hora de pensar no planejamento estratégico de 2020: como você avalia a consciência sustentável dos líderes da sua empresa? Quem tem mais habilidades para criar programas de gestão sustentável? Ainda não tinha parado para pensar nisso?
O momento em que líderes do mundo todo se reúnem na Cúpula do Clima da ONU, discutindo a crise climática global, é ocasião ideal para a iniciativa privada começar agir, de fato, com base no tripé da sustentabilidade.
Antes que todo mundo pense que estamos falando apenas em preservação do meio ambiente, é importante dizer que liderança sustentável está relacionada a uma atenção maior dos gestores aos impactos gerados por suas ações na vida das pessoas, dentro e fora das organizações.
“Chamo de liderança sustentável a atuação profissional embasada em três dimensões: uma empresa só se sustenta ao conquistar o equilíbrio econômico, social e ambiental. Liderar uma organização atualmente requer o desenvolvimento da consciência responsável em todos os aspectos. A empresa precisa gerar resultados, manter a economia ativa, manter todos os stakeholders satisfeitos e, ainda, minimizar os impactos ambientais”, destaca a especialista no assunto Roseli Capudi.
Segundo Roseli, estamos presenciando a era da transformação, na qual predomina uma urgência latente. “Precisamos atrelar a esta urgência ações efetivas que transformem a atual economia linear – onde só produzimos e descartamos – em uma nova consciência de sistema econômico, a economia “circular”, onde produtos sejam reciclados, retornem para produção de forma mais consciente e haja a promoção da “economia social”, acrescenta.
Para auxiliar a gestão e manter o equilíbrio sustentável, o novo líder deve contar com ferramentas adequadas ao porte da empresa e incorporar políticas e diretrizes na gestão, com objetivos bem definidos na busca de uma gestão mais sustentável.
Para Roseli Capudi, incorporar ações responsáveis no planejamento é uma forma de gestão da transparência. Uma empresa que publica e pratica suas intenções de não aceitação de vantagens e propinas dentro da organização, por exemplo, pode evitar que este tipo de atitude contamine a organização.
“A liderança sustentável é uma escolha de vida que deve estar em harmonia com um propósito maior. Algo que tenha coerência com as crenças pessoais, profissionais e organizacionais. É um exercício da consciência responsável”, comenta Roseli em suas palestras.
A Cúpula do Clima reúne representantes de 60 países para discursar sobre suas iniciativas para conter os danos ao meio ambiente. O evento ganha contornos ainda mais relevantes após a crise das queimadas e pelo fato de o ano que vem ser considerado uma data crucial em termos de esforços para conter as mudanças climáticas. Em 2020, as regras estabelecidas pelo Acordo de Paris, que já está em vigor, começam a valer de fato para os 195 países signatários. Sem falar dos 17 compromissos com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030. “Portanto, há muitas ações ainda a se fazer, e as organizações que não estiverem com seus planejamentos bem alinhados com diretrizes sustentáveis, certamente vão sofrer as consequências, porque os clientes estão de olhos bem abertos”, conclui Roseli.
Com mais de 30 anos na gestão de empresas de pequeno, médio e grande porte nas áreas da Educação, Saúde, Comércio, Alimentação, Turismo e Hotelaria, liderou equipes de diversos segmentos. Possui larga experiência em processos de Certificação de Qualidade e ferramentas de gestão sustentável. É empresária no ramo da hotelaria e consultora em negócios sustentáveis. Consultora líder na Ponto de Apoio Consultoria Empresarial.
É coautora dos livros “Ideias que Conectam, Resultados que Transformam’ e “Segredos de Alto Impacto”.
Roseli é graduada em Administração de Empresas Univali, possui especialização MBA em Marketing pela Fundação Getúlo Vargas e capacitação em Coaching Executivo pela Unindus/Curitiba. É formada em Responsabilidade Social Empresarial e Projetos Sociais pela COPPE/UFRJ e palestrante pela Fadel Palestrantes.