Estima-se que de 1% a 3% da população mundial sofra de transtorno bipolar do humor (TBH), condição em que o paciente experimenta mudanças extremas de humor que variam de euforia a depressão. Um estudo publicado no periódico Journal of Pediatrics aponta que a ocorrência de TBH durante a infância é comum, porém de difícil diagnóstico e o tratamento tardio piora a qualidade de vida do paciente na idade adulta.
O estudo envolveu 480 adultos, com média de idade de 42 anos, que tiveram diagnóstico de TBH há pelo menos 20 anos. Por meio de entrevistas e questionários, os pesquisadores determinaram a idade aproximada do início dos sintomas maníacos ou depressivos e a idade do primeiro tratamento. Do total, foi possível identificar o início dos sintomas em 420 participantes.
Entre aqueles que tiveram o primeiro sintoma durante a infância (antes dos 13 anos), houve uma média de diferença de pelo menos 16 anos até o início do tratamento farmacológico. Estes pacientes, entre 22% e 28%, tiveram maior recorrência de depressão, mais mudanças extremas de humor em menos de um dia (ciclo ultradiano) e mais episódios maníaco-depressivos durante a vida. Eles também apresentaram maior risco para abuso de substâncias químicas, mais tentativas de suicídio, transtorno de ansiedade e maior resistência ao tratamento.
De acordo com os resultados, a maioria das crianças com TBH é diagnosticada com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou depressão, e recebe tratamento durante um longo período apenas com estimulantes ou antidepressivos, em vez da combinação de estabilizantes de humor e antipsicóticos atípicos, geralmente recomendados no tratamento de TBH.
“Estes resultados sugerem que o diagnóstico e tratamento precoce são essenciais para um tratamento eficaz e melhor qualidade de vida dos pacientes na idade adulta”, diz o autor do estudo, Russell Scheffer, da Escola Médica de Wisconsin, nos Estados Unidos. “O reconhecimento precoce pode afetar positivamente o curso do TBH”, finaliza.
Com informações da Elsevier Health Sciences.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.