O desabamento de uma geleira no estado indiano de Uttarakhand, que deixou pelo menos 31 mortos e 165 desaparecidos no último domingo (7/2), foi uma tragédia anunciada. Em 2014, um grupo de cientistas foi comissionado pela Suprema Corte da Índia para estudar o impacto do recuo das geleiras dos Himalaias nesta região. Ravi Chopra, um dos pesquisadores envolvidos nesse trabalho, lembrou à Associated Press que as autoridades locais e nacionais tinham sido alertadas para o risco crescente de avalanches e quebras de geleiras, que poderiam causar a ruptura de represas em áreas montanhosas – exatamente o que aconteceu no último final de semana. Como explicou o Climate Home, a hipótese mais provável para esse desastre é que, devido a uma avalanche, um grande pedaço de geleira tenha quebrado a uma altitude de mais de 5,5 mil metros. O gelo e a rocha caíram em um lago glacial, gerando “efeito cascata” até atingir a represa de Rishi Ganga.
O fato de um evento desse tipo acontecer em fevereiro, durante o inverno himalaio, é motivo de preocupação – e indício de conexão entre o desastre e a mudança do clima. Na mesma linha, o NY Times destacou o risco ao qual milhões de pessoas que vivem no sopé do Himalaia estão expostas com a intensificação do aquecimento global e do recuo das geleiras nas partes superiores da cordilheira. Além da perda de estoques de água potável, as avalanches podem provocar episódios ainda mais destrutivos no futuro.
Em tempo: Nos EUA, o presidente Joe Biden pediu ao seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, a elaboração de um estudo com “opções para proteção e reassentamento de pessoas deslocadas direta ou indiretamente por causa das mudanças climáticas”. O relatório deverá ser apresentado à Casa Branca em seis meses e contará com a colaboração de diversas áreas do governo, como o Departamento de Estado e o Pentágono. O documento discutirá também as implicações de segurança internacional da migração relacionada ao clima e os mecanismos para se identificar esses migrantes. Segundo o Climate Home, ativistas climáticos e defensores de Direitos Humanos celebraram o pedido de Biden como “extraordinário”, “um passo além do esperado por qualquer governo nos EUA”. A Scientific American também destacou essa notícia. (ClimaInfo)