Por Samyra Crespo – 

Num tabuleiro de xadrez só tem uma rainha.

No xadrez político podemos ter duas?

A pergunta faz sentido e vocês poderão acompanhar meu raciocínio.

Vimos a indicação de três nomes para a Equipe de Transição – na área ambiental. São nomes de peso: Tasso Azevedo, Carlos Nobre e João Paulo Capobianco.

Todos os três sabidamente ligados à ex-senadora e ministra Marina Silva.
Recentemente, ela viu crescer seu cacife apoiando Lula e diz a todos que perguntam que não deseja ser novamente ministra.

Parece sensato, pois o Brasil que sai das urnas não é o mesmo de 2003.

No tempo em que Marina foi ministra o tema das mudanças climáticas não tinha ganho relevância global e o Brasil não estava obrigado a apresentar um Plano de redução de emissões.

Isso foi feito por Carlos Minc (governo Lula) que elaborou o I Plano Nacional de Mudanças Climáticas, apresentando metas voluntárias.

Para quem tem memória curta: o Itamaraty era contra, a a Dilma na casa civil era contra.
Minc peitou e começou o protagonismo do Brasil que o consolidou no Acordo de Paris e no estabelecimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) na Rio + 20. Nestes dois eventos, outro nome brilhou: o da ministra Izabella Teixeira.

Seu prestígio político internacional é inconteste: foi quem conduziu a discussão do nosso novo Código florestal, e também a implementação do CAR, Cadastro Ambiental Rural, ferramenta que consegue monitorar o agro legal e regular as áreas cultivadas, combatendo o fantasma do desmate ilegal e da grilagem de terras.
Também tem o dedo da Izabella na criação da secretaria de mudanças climáticas, no âmbito do MMA, extinta na gestão de Ricardo Salles.

Agora se fala na criação de uma Secretaria Especial, ou extraordinária, ligada à Presidência da República.
Também é fato que no Itamaraty deverá ser reestruturada essa área, praticamente desativada no governo de Bolsonaro.

Tanto na agenda de combate ao desmatamento quanto na condução de nossas políticas climáticas Izabella e Marina, cada qual com suas habilidades específicas podem dar inestimáveis contribuições.

No caso de Marina, ela teve e tem esse perfil de embaixadora carismática do meio ambiente, além de ter se constituído numa figura icônica.

Seu capital político é inconteste e qualquer nome para conduzir o MMA deverá ter o seu aval.
Izabella por sua vez, tem o perfil de articuladora que concilia os diferentes, perfil de negociadora e também sólido prestígio internacional.

Sua ‘entrada’ no setor empresarial é bem mais ampla do que a de Marina.
Izabella tem a simpatia de Lula, a confiança de Dilma, e viu seu prestígio público crescer com seus posicionamentos corajosos no Fórum de Ex-Ministros do Meio Ambiente.

Além disso, será conselheira do chairman da COP 27 que terá lugar no Egito. São apenas 7 conselheiros escolhidos a dedo no mundo.

Em resumo, temos na cena duas rainhas. Ambas com cacife, competência e com contribuições que não podem ser subestimadas num país que precisa reconstruir-se.

Aqui não se trata de disputas menores (vaidades) ou maiores (poder político).

Aqui se trata de arranjos institucionais que favoreçam o país, que se tornou o quinto emissor de carbono do mundo.
O próximo capítulo dessa novela, ou o desfecho desse xadrez deverá ocorrer proximamente.

Aguardamos com excitação a COP 27!!!

#Envolverde