Cérebro se desliga em parte para potencializar o foco, diz pesquisa

A chamada rede de modo default, uma atividade cerebral que fica ligada o tempo todo quando não estamos pensando em nada específico, até então era vista como uma atividade neuronal que nunca se desligaria. Um estudo recente, entretanto, mostrou que para conseguir focar em alguma coisa é preciso desligar uma parte do nosso cérebro por alguns instantes, inclusive essa função “constante”.

A pesquisa feita por Jean Philippe Lachaux e Karim Jerbi, do Centro de Neurociências de Lyon, na França, mostrou que o modo default também ajuda a desligar outras funções momentaneamente para nos ajudar a focar uma tarefa específica, como achar um determinado objeto em menos tempo. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Neuroscience.

De acordo com os pesquisadores, quando focamos em algo ao nosso redor, uma função do cérebro chamada de rede de atenção é ativada. Mas normalmente outras atividades cerebrais continuam ativadas paralelamente.

Essa ativação paralela dificulta, em partes, que nosso foco se desenvolva completamente e o conjunto dessas outras atividades que não estão envolvidas no foco de atenção é chamado de rede de modo default. O modo default está associado a uma série de atividades cerebrais como imaginação, pensamentos inespecíficos, autopercepção e lembranças momentâneas.

Mas o estudo feito por Lachaux e Jerbi demonstrou que o modo default, que até então era visto como uma atividade ininterrupta, pode se desligar automaticamente por milissegundos para que o foco de atenção tenha total contribuição do cérebro.

A pesquisa indica que, quando há dificuldades dessa rede para se desligar, os indivíduos demoram muito mais tempo para executar tarefas que precisam de máxima atenção. Entretanto, dizem os pesquisadores, algo que já havia sido observado anteriormente ainda se mantém: o cérebro nunca para totalmente.

“O cérebro odeia o vazio, mesmo por um milissegundo”, diz Lachaux. Por isso, a atividade de atenção só tem um pico de ativação, voltando automaticamente aos processos default na sequência. Agora, os pesquisadores querem saber se algumas pessoas têm maior facilidade de se concentrar por terem uma rede de modo default mais sensível.

Com informações do Journal of Neuroscience.

* Publicado originalmente no site O que eu tenho.