Concurso de arquitetura premia casas resilientes e sustentáveis para cidades vulneráveis

aruqiteturebuildingO concurso Designing Recovery premiou na última semana três projetos arquitetônicos criados para atender às necessidades de três comunidades norte-americanas atingidas recentemente por eventos climáticos extremos.

Embora apenas três projetos tenham sido escolhidos para serem os ganhadores da competição e dividirem o prêmio de US$ 30 mil, todos os inscritos considerados viáveis para construção serão edificados nas comunidades para as quais foram criados.

“Quando examinamos todos os projetos apresentados, nos perguntamos se essa seria uma casa em que gostaríamos de viver independentemente das considerações de segurança”, colocou Michael Willis, presidente do júri do prêmio.

“Os três projetos que escolhemos tinham a combinação ideal de abordar a mitigação de desastres e uma habitabilidade real. Os projetos tinham o tipo de flexibilidade para ser tanto um porto seguro resiliente durante um desastre natural quanto servir como uma moradia que se adaptasse às condições da família e se misturasse aos estilos do bairro sem criar uma sensação de ‘abrigo’”, acrescentou Willis.

O projeto ganhador para a cidade de Nova York (imagem acima), do escritório Sustainable.TO Architecture + Building, tem um layout que orienta os espaços de convívio para o sol, e minimiza as divisórias interiores. Painéis estruturalmente isolados permitem que a parte exterior da edificação seja hermeticamente fechada e altamente isolada. Combinados com um sistema de ventilação altamente eficiente e janelas aprimoradas, esses elementos preveem uma redução de 30% no consumo anual de energia.

A casa será construída acima da superfície de inundação, com uma fundação à prova de enchentes para garantir que os desastres naturais não afetem a estrutura. Usando métodos e equipamentos tradicionais de construção, a habitação pode ser edificada por menos de US$ 50 mil em custos de material.

goatstudioA proposta para Nova Orleans, dos arquitetos do GOATstudio LLP, apresenta painéis deslizantes de policarbonato e um telhado de aço que contém painéis solares. Para ajudar a lidar com a ameaça do aumento do nível do mar e a crescente precipitação anual, o piso será elevado cerca de dois metros acima do solo e haverá um filtro de escoamento para tempestades no perímetro do jardim, reduzindo a formação de poças e diminuindo a pressão sobre a infraestrutura urbana.

Com o emprego de tais metodologias e materiais construtivos, o projeto poderá obter o selo LEED Platinum e fornecer cerca de 6,25 kWh de energia solar aos proprietários.

Já o projeto do Q4 Architects, para a cidade de Joplin, foi criado através da combinação de duas casas de uma única célula cada uma. A “casa de segurança”, localizada no centro da edificação, age como o cerne da construção e divide a “casa perimetral”. A casa de segurança apresenta todas as funções necessárias para uma família se recuperar rapidamente de um desastre e viver por um longo período de tempo até que a reconstrução seja possível.

As paredes da casa de segurança são constituídas de unidades de alvenaria de concreto neutras em carbono. A água da chuva é coletada, armazenada e filtrada para reutilização. Materiais de construção locais são utilizados para que a casa tenha pouca contribuição às mudanças climáticas, reduza os efeitos de um desastre natural e estimule a economia local.

“Todas as cidades podem aprender com os sucesso e falhas dessas três cidades e suas repostas a desastres. Designers e arquitetos têm a responsabilidade de fazer mais – e fazer melhor. Esperamos que essa competição continue atraindo as melhores e mais brilhantes ideias para um mundo de novos riscos”, observou Eric Cesal, diretor de reconstrução e resiliência do St. Bernard Project and Architecture for Humanity.

“Essa competição não é para substituir o que foi perdido, mas para construir algo que seja melhor. Arquitetos são excepcionalmente qualificados para essa tarefa, e estamos ansiosos para ajudar a selecionar projetos que estabelecerão um novo padrão para habitações resilientes e sustentáveis”, declarou Mickey Jacob, presidente do AIA.

A premiação Designing Recovery é uma parceria do Instituto Americano de Arquitetos (AIA), da organização Make It Right e do St. Bernard Project and Architecture for Humanity que visa ajudar na reconstrução de comunidades, tornando-as mais sustentáveis e resilientes a eventos climáticos. O prêmio foi anunciado como um Compromisso para a Ação no CGI America, um evento anual da Iniciativa Global Clinton.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.