Já não basta mais acompanhar peso e altura para saber se sua criança está saudável. Segundo o nutrólogo e professor Carlos Alberto Nogueira de Almeida, os novos conceitos em alimentação saudável incluem dez sinais que foram elaborados pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), em parceria com uma empresa da área alimentícia.
Os critérios foram elaborados pela Associação Brasileira de Nutrologia e apresentados no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, Paraná. Estes dez sinais são: crescimento adequado, funcionamento regular do intestino, bom apetite, dentes fortes e saudáveis, boa imunidade, peso adequado, disposição para brincar, dormir bem e acordar bem, pele corada e cabelos e unhas saudáveis. (Veja abaixo o que indica cada sinal.)
Caso a criança não se encaixe em todos os itens da lista, a probabilidade de ela ter um problema nutricional é grande. Um exemplo é a falta de carboidratos, proteínas, ferro, zinco e vitamina A no organismo, que pode retardar o crescimento – primeiro item da lista. Assim como a falta de água, que pode originar problemas intestinais, e o excesso de gordura, que pode levar à obesidade.
Alimentação influi na saúde da criança e, em longo prazo, na vida adulta
De acordo com a médica pediatra da UTI Neonatal do Hospital Pequeno Príncipe e presidente do Departamento de Suporte Nutricional da Sociedade Paranaense de Pediatria, Vanessa Liberalesso, uma criança que tem uma alimentação balanceada, com as quantidades apropriadas de carboidratos, ferro, proteínas e outros componentes, vai apresentar os dez sinais da boa alimentação.
Já as crianças que não apresentam estes sinais podem desenvolver doenças não só na infância como também na vida adulta. “Algumas crianças podem ser hipertensas no futuro, porque ingerem muito sódio. Além disso, também podem sofrer com a falta de cálcio nos ossos, que provoca osteoporose, por não ingerirem muito leite e derivados”, afirma a pediatra.
Para definir a quantidade ideal de cada componente na alimentação de uma criança é preciso consultar um profissional. Almeida afirma que estas quantidades variam de acordo com a idade e outros fatores. “O consumo de muitas proteínas por uma criança que toma pouca água, por exemplo, pode resultar em um intestino preso”, exemplifica. O ideal é que a criança tenha uma alimentação supervisionada e variada, para evitar problemas futuros.
O que pode indicar cada sinal
Veja os déficits na alimentação da criança que cada sinal pode significar, de acordo com Vanessa Liberalesso.
1. Crescimento adequado
Isso indica que a criança consome o número de calorias indicado para a sua idade, incluindo proteínas, vitaminas e minerais.
2. Funcionamento regular do intestino
O funcionamento intestinal depende de boa ingestão de água e alimentos ricos em fibras. Além disso, os itens aqui apresentados também se complementam: as atividades físicas (item 7) também favorecem um bom funcionamento do intestino.
3. Bom apetite
A falta de apetite pode ser sinal de doenças ou da carência de nutrientes. A falta de ácido fólico no organismo, por exemplo, diminui o paladar e a criança pode deixar de comer por não sentir o gosto do alimento.
4. Dentes fortes e saudáveis
O leite é fonte de cálcio que vai contribuir para a saúde dos dentes. “É importante também que as crianças tomem sol”, lembra a nutricionista, “pois a luz do Sol auxilia na metabolização da vitamina D, por exemplo, também importante para a saúde bucal.”
5. Boa imunidade
A constituição de uma boa imunidade começa com o aleitamento materno, quando os anticorpos da mãe são compartilhados com o filho. Mais tarde a deficiência de zinco e outros nutrientes também pode comprometer o sistema imunológico da criança.
6. Peso adequado
O peso da criança é uma maneira indireta de saber se ela está se alimentando adequadamente. “Não só a alimentação deficitária como a alimentação excessiva. Tanto a perda quanto o ganho de peso fora do padrão são indicativos de problemas nutricionais”, diz Vanessa.
7. Disposição para brincar
Não querer brincar pode ser sinal de anemia. A causa disto é a deficiência de ferro tanto de origem animal como vegetal (que dificulta a absorção de nutrientes). “Uma boa fonte de ferro é carne de vaca, principalmente o fígado. No caso do ferro de origem vegetal – como espinafre – a dica é consumir esses alimentos com suco de laranja, que facilita a absorção do ferro desses vegetais.
8. Dormir bem e acordar bem
Um bom padrão de sono, indica Vanessa, é indicativo tanto de uma boa alimentação quanto de disposição para brincar. Isto quer dizer que fazer atividades físicas facilita um bom sono. Além disso, alguns alimentos são essenciais para o desenvolvimento do sistema nervoso. O desequilíbrio do sono pode indicar algum problema neurológico causado pela falta de algum nutriente necessário para o bom funcionamento cerebral.
9. Pele corada
Uma pele opaca ou sem vida indica problemas como a anemia.
10. Cabelos e unhas saudáveis
Cabelo seco é sinal de deficiência de proteína, zinco e mesmo de consumo inadequado de calorias. O mesmo vale para as unhas: a deficiência de cálcio e ferro as deixa mais quebradiças.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.