Uma expedição pela Serra do Mar com voluntários de todo o mundo acontece entre os próximos dias 15 e 27 de maio, no quarto ano consecutivo do Projeto Puma de conservação ambiental. Monitorar a presença de felinos como os pumas e as onças-pintadas é uma missão de objetivo estratégico: descobrir a situação da integridade ambiental nos territórios da Mata Atlântica.
Os felinos são indicadores da qualidade do ambiente: exigem a mínima interferência humana e são “espécies guarda-chuva”, pois sua ocupação requer grande área territorial preservada e também uma significativa diversidade de presas, conforme explica o cientista responsável pela expedição no Brasil, Marcelo Mazzolli.
Sob si, os felinos guardam a biodiversidade de toda uma cadeia alimentar que, com sua ausência, começa a desaparecer em efeito cascata. Outros animais como pacas, antas, gambás, tatus, cervos e várias espécies de aves também são estudados pelo projeto, que comunica seus resultados aos órgãos ambientais estadual (Instituto Ambiental do Paraná, IAP) e federal (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO), indicando providências a serem tomadas pelo governo.
“A Serra do Mar é o maior refúgio de onças-pintadas na Mata Atlântica, e mesmo assim poucos indivíduos ainda persistem. Nós trazemos essas informações em primeira mão, para que sejam tomadas medidas imediatas para reverter essa situação de declínio populacional”, conta Mazzolli. O ecólogo e membro do Grupo de Especialistas em Felinos da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) registra o deslocamento dos pumas da Mata Atlântica há mais de duas décadas.
Ele relata que nos últimos anos o Sul e Sudeste brasileiro estão sendo recolonizados pelos pumas. “Um dos poucos exemplos de recolonização em todo o mundo”, destaca. E revela. “Meu sonho é ver esse bicho voltando para Santa Catarina.”
Coordenado pela ONG internacional Biosphere Expeditions e apoiado pela Land Rover, empresa que cede os carros de sua fabricação para permitir os trajetos do grupo mata adentro, o projeto também avança com atividades anuais em outros lugares do mundo, como Omã, Austrália, Açores, Namíbia e Honduras. (Envolverde)