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Grã-Bretanha expulsa diplomatas de Gadafi

Doha, Catar, 29/7/2011 – A Grã-Bretanha reconheceu oficialmente o principal grupo opositor da Líbia como sendo o legítimo governo desse país, e pediu a todos os diplomatas leais ao regime de Muammar Gadafi que abandonem Londres. O ministro de Assuntos Exteriores britânico, William Hague, disse no dia 27 que seu país estava descongelando US$ 150 milhões de contas líbias para ajudar o Conselho de Transição Nacional, que reconhece como sendo a “única autoridade governamental” desse país.

“Trataremos o Conselho de Transição Nacional da mesma forma como fazemos com outros governos do mundo”, afirmou Hague. “Em linha com esta decisão, convocamos o encarregado de negócios líbio e o informamos que ele e outros diplomatas do regime de Gadafi deveriam abandonar a Grã-Bretanha”, acrescentou. “Não os reconhecemos como representantes do governo da Líbia, e convidamos o Conselho de Transição Nacional a designar novos diplomatas para assumirem a embaixada Líbia em Londres”, disse Hague.

Anita McNaught, correspondente da rede Al Jazeera no reduto rebelde da cidade Líbia de Bengasi, afirmou que a notícia do descongelamento das contas foi bem recebida pelos insurgentes, que haviam ficado sem dinheiro. O chefe do Conselho, Mustafa Abdul Jalil, disse em entrevista coletiva em Bengasi que a decisão britânica lhes dá um forte “impulso político e econômico. Isto significa que Gadafi e seus seguidores já não são legítimos. Também anunciou que o novo embaixador da Líbia em Londres será Mahmud Nacua, a quem descreveu como um exilado líbio na Grã-Bretanha.

Desta forma, Hague implementou uma decisão tomada em recente reunião realizada em Istambul, durante a qual Estados Unidos, Grã-Bretanha e outras 30 nações reconheceram a oposição na Líbia como legitimo governo desse país. Já a Rússia criticou estas medidas, dizendo que seguem uma “política de isolamento”, vão além do mandato da Organização das Nações Unidas (ONU) o que significa tomar parte em uma guerra civil.

A Grã-Bretanha foi um dos principais integrantes da campanha militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas Londres é pressionada por ainda não ter conseguido tirar Gadafi do poder. Esta semana, Hague disse pela primeira vez que Gadafi poderia permanecer na Líbia, mas não ocupando a Presidência. Afirmou que “Gadafi deveria abandonar o poder e toda responsabilidade civil e militar”, mas indicou que o seu destino pessoal é “questão dos líbios”. França e Estados Unidos fizeram declarações semelhantes.

Entretanto, no dia 27, o chefe do Conselho, Mustafa Abdul Jali, disse que o prazo fixado para Gadafi abandonar o poder havia expirado. “Fizemos uma proposta. O prazo acabou. A proposta expirou”, disse aos jornalistas em Bengasi. Segundo a iniciativa, Gadafi deveria renunciar a todos seus poderes, podendo permanecer na Líbia, sob “rígida vigilância” e em um lugar escolhido pelo povo. A proposta representou uma mudança importante nas demandas da oposição, que exigia a renúncia incondicional do mandatário e seu julgamento no Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, Holanda. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.