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Oposição síria boicota conversações de Genebra

Mulheres passam diante de lojas destruídas em Qusayr, na Síria. Foto: Sam Tarling/IPS

 

Doha, Catar, 3/6/2013 – A oposição na Síria não participará das propostas conversações internacionais de paz este mês em Genebra, afirmou seu líder. George Sabra, que está à frente da Coalizão Nacional Síria (SNC), declarou, no dia 30, que a oposição suspendeu sua participação até que a comunidade internacional intervenha para acabar com o cerco a Qusayr, localidade da província de Homs, perto da fronteira com o Líbano.

“A Coalizão Nacional não tomará parte de nenhuma conferência internacional e de nenhum esforço semelhante enquanto as milícias do Irã e do movimento xiita Hezbolá (Partido de Deus) continuarem sua invasão da Síria”, afirmou Sabra a jornalistas em Istambul. Khaled Saleh, porta-voz da SNC que falou na entrevista coletiva depois de Sabra, afirmou que vários civis do povoado ficaram completamente isolados pelas forças leais ao presidente Bashar Al Assad.

“Os civis não têm acesso a água ou eletricidade, e o massacre continua minuto a minuto, enquanto o regime de Assad continua usando armas” que recebe de seus aliados, destacou Saleh. Segundo o porta-voz, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Liga Árabe deveriam intervir para deter as matanças “pelas quais o Hezbolá é responsável”. As conversações de paz previstas para Genebra são organizadas por Rússia, aliada da Síria, e Estados Unidos.

A SNC havia informado anteriormente que participaria somente se fosse implementado um processo de paz que conduzisse ao afastamento de Assad. O anúncio do boicote aconteceu poucas horas antes de Assad dizer que seu país responderá a qualquer ataque de Israel contra seu território. Em uma entrevista transmitida no dia 30 pelo canal de televisão Al-Manar, propriedade do Hezbolá, Assad também disse que já recebeu o primeiro envio de um avançado sistema de mísseis russos S-300, e que logo o restante chegará.

Gerald Steinburg, professor de estudos políticos na Universidade Bar Ilán, em Israel, disse à rede televisão árabe Al Jazeera que Israel acompanha “de perto” os acontecimentos na Síria. As declarações de Assad foram publicadas no dia 30 pelo jornal libanês Al-akhbar, que apresentou trechos da entrevista. “A Síria recebeu o primeiro envio de mísseis antiaéreos russos S-300. O restante chegará em breve”, declarou Assad, segundo o jornal.

Israel sugeriu que suas forças armadas podem atacar esses mísseis russos. Contudo, segundo Steinburg, Israel não está preocupado com os envios de armas para a Síria. “O senhor Assad tem problemas para abordar sua própria sobrevivência e a de seu regime, por isso realmente não é uma grande preocupação em Israel”, opinou, de Jerusalém.

Vários enviados estrangeiros participaram da reunião de Istambul para ajudar a oposição a chegar a uma decisão. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que as grandes potências também estão divididas em torno de quem participará das conversações ou quando elas acontecerão.

Ban explicou aos jornalistas que ainda são feitas “consultas ativas”, enquanto Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, disse que “todo aparato de política externa” de Washington trabalha para concretizar a reunião. Os Estados Unidos também pediram ao Hezbolá que retire imediatamente seus combatentes da Síria. Segundo a França, atualmente há entre três mil e quatro mil combatentes desse movimento na Síria. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.