Tecnologia e novos caminhos para a Educação

Foto: freshidea / Fotolia.com/Porvir
Foto: freshidea / Fotolia.com/Porvir

 

“Não tem mais como desvincular a Educação da tecnologia”, declarou o educador e autor do livro Idade Mídia – Comunicação Reinventada na Escola, Alexandre Sayad. O especialista defende uma reestruturação da Educação no Brasil a partir dos novos conceitos inerentes à tecnologia que estão surgindo há alguns anos, muitos dos quais vieram à tona em 2013. “O País deve receber bem esses novos conceitos, mas deverá realizar uma curadoria para identificar o que serve ou não para a nossa realidade”, afirmou.

Sayad também coordena projetos educacionais interdisciplinares em escolas, empresas e governos, sendo diretor do Media Education Lab – MEL. Confira, a seguir, a entrevista. Boa leitura!

Blog Educação – São muitos os novos conceitos em Educação que surgiram ou foram divulgados em 2013. Qual o grande ganho da área?

Alexandre Sayad – O ano de 2013 foi marcado por uma explosão de novos caminhos e novas maneiras de ensinar. Nunca se tentou e se experimentou tanto no campo da Educação. Há senso de urgência no ar e isso é muito bom, porque mostra que queremos mudar, transformar a Educação que temos hoje.

Blog Educação – Com as propostas inovadoras, a tecnologia torna-se algo inerente ao processo de transformação?

Alexandre Sayad
Alexandre Sayad

A.S. – A tecnologia assume um papel importante e precursor nesse sentido. Isso já vem acontecendo há anos, mas alguns conceitos e ferramentas só estão chegando ao conhecimento do público agora. A Educação à distância, por exemplo, já existe há mais de 20 anos [no caso da educação à distância por meios digitais], mas começou a ganhar mais espaço, abrindo outros caminhos, recentemente.

Blog Educação – De que maneira a tecnologia assume esse papel?

A.S. – Ela é importante quando consegue cumprir dois objetivos: ganhar escala e subverter a relação tradicional entre professor e aluno. Com a tecnologia, os estudantes conseguem transformar a Educação em algo mais palpável para eles. Além disso, o conteúdo pode chegar a uma quantidade incalculável de alunos.

Blog Educação – E quando a tecnologia não é eficaz?

A.S. – A tecnologia não faz sentido quando vem de forma deslumbrada. Ela tem que ser vista como meio de transformar o processo de aprendizagem. Isso se torna fundamental para os desafios que o Brasil tem, já que o País ainda deve universalizar o aprendizado e tem uma Educação cheia de mitos, como a relação de superioridade do professor com o aluno.

Blog Educação – Quais os desafios do Brasil para a implementação desses novos recursos educacionais?

A.S. – Esses novos conceitos e formas de educar funcionam com pequenos grupos. Então, em uma rede enorme de ensino, encontra-se alguns problemas no meio do caminho. O primeiro grande entrave é a formação do profissional que irá lidar diretamente com as inovações. No caso, os professores e diretores são os mais impactados. É preciso, nos cursos de licenciatura, capacitar o profissional para que ele consiga desenvolver conceitos diferenciados em sala de aula.

O segundo desafio é lidar com as dificuldades da Educação brasileira. Não adianta o governo dar tablets se não há mão de obra capacitada para usar. As políticas públicas devem entender que os meios não bastam. Tem que se criar projetos para capacitar os professores.

Blog Educação – Em meio a tantas possibilidades, como identificar quais são as mais adequadas para o Brasil?

A.S. – A escola deve fazer o que eu chamo de curadoria da Educação. Identificar as reais necessidades, pesquisar os meios e implementar aquilo que poderá, de fato, melhorar a Educação. Não são todos os conceitos que se enquadram na realidade das escolas brasileiras. Por isso, é importante tanto a gestão pública quanto os gestores escolares apurarem o olhar para as novas possibilidades de ensino. Acredito que um caminho é utilizar plataformas educativas, envolvendo a tecnologia no processo. Não tem mais como desvincular Educação de tecnologia.

Blog Educação – Qual o momento da Educação brasileira hoje?

A.S. – Os brasileiros estão aumentando sua percepção de que o ensino precisa ser cada vez mais personalizado. Agora é o momento de explorar as plataformas e desenvolver um aprendizado mais focado no perfil de cada aluno. Acredito que o ensino industrializado está perdendo forças e abrindo espaço para inovações.

Blog Educação – Para você, o que teremos no futuro?

A.S. – Para o futuro, imagino que a escola sirva como um espaço de criação. É o que vem acontecendo nos países mais avançados em Educação. O aluno passa a desenvolver projetos para a sociedade, que efetivamente serão implementados e úteis para a economia nacional.

* Publicado originalmente no Blog Educação.