Unicamp desenvolve várias pesquisas sobre malária

Depois de registrar um período de quedas sucessivas dos casos de malária, o Brasil constatou um importante aumento dos números relacionados à doença em 2017. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram consolidadas 174.522 notificações entre janeiro e novembro do ano passado, contra 117.832 em 2016, numa variação de 48%. As causas do avanço da enfermidade são variadas, entre elas a falta de investimento público nas ações de controle. Independentemente das deficiências das políticas públicas e do comportamento cíclico da malária, pesquisadores da Unicamp, de diferentes áreas do conhecimento, não descuidam da doença em seus estudos. Os cientistas têm investigado métodos e tecnologias que possam contribuir para a prevenção e o tratamento desse mal, que traz significativos custos sociais e financeiros para o país.

Uma dessas pesquisas é conduzida pela equipe da professora Elizabeth Bilsland, do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional do Instituto de Biologia (IB). Os estudos realizados pelo grupo, em colaboração com as universidades de Cambridge (Reino Unido), Manchester (Reino Unido), Gotemburgo (Suécia) e USP, constaram que o triclosan, um composto utilizado há décadas na formulação de sabonetes e cremes dentais, é capaz de inibir os genes-alvo do parasita causador da malária [o mais prevalente no Brasil é o Plasmodium vivax], tanto em sua fase hepática, quando se desenvolve nas células do fígado, quanto na fase eritrocitária, quando se multiplica nas células do sangue.

Os resultados do estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram publicados em janeiro na Scientific Reports, importante revista do Grupo Nature. De acordo com a professora Elizabeth, o trabalho fez uso de um robô com inteligência artificial que está baseado em Manchester. Sua tarefa foi fazer a triagem em larga escala das leveduras construídas pela docente com o propósito de identificar que compostos eram capazes de inibir o alvo do Plasmodium.

Dito de modo simplificado, o que a pesquisadora fez foi otimizar a busca ao desenvolver um método no qual os genes das leveduras foram substituídos por genes humanos e genes-alvo de parasitas causadores de diferentes doenças, entre elas a malária. “Nós marcamos cada levedura com uma proteína fluorescente de cores variadas. Isso nos permitiu cultivar diferentes variedades de leveduras modificadas em um mesmo poço e tratá-las simultaneamente com milhares de drogas. Com a ajuda do robô cientista, nós verificamos quais compostos inibiam o crescimento das leveduras com o gene do parasita, mas não afetavam as que tinham o gene humano”, explica. Fonte Unicamp (#Envolverde)