Por Míriam Duailibi para o Instituto Ecoar –
Para além da questão humanitária dos combates na guerra da Ucrânia, e de todas as outras guerras, como perda de vidas de soldados/as e civis, dor e sequelas dos ferimentos, medo e desespero causados pelos bombardeios, outras questões são facilmente percebidas pelo senso comum.
As consequências econômicas que se estendem sobre o mundo globalizado, atingindo mesmo países distantes do território em disputa, como o Brasil por exemplo, a inflação nos preços do petróleo, gás natural, fertilizantes, insumos, commodities como o trigo, milho entre outros. A subida dos preços em pouco tempo se reflete no custo de vida de populações que sequer sabem onde é a Ucrânia. Os/as pobres ficam mais pobres.
Infelizmente, existe pouca consciência sobre outra questão de importância a médio e longo prazo capaz de provocar consequências tão ou mais devastadoras na vida dos/as habitantes da Terra: a nossa espécie e as outras que conosco dividem o mesmo planeta. Estamos falando da deterioração ambiental provocada pela guerra.
Vejamos algumas delas:
Aumento significativo da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para a atmosfera advindos de explosões e incêndios causados por bombas e mísseis, assim como pela queima de combustíveis fósseis dos veículos de guerra.
Poluição do ar por materiais particulados e gases tóxicos prejudicando a capacidade respiratória de pessoas, animais e plantas.
Poluição sonora causada por sirenes, aviões e bombardeios, provocando perda auditiva e stress em humanos/as e animais.
Destruição da infraestrutura construída o que acarretará mais extração dos já escassos recursos naturais, terra, pedra, areia, minérios, para sua reconstrução.
Poluição de rios, represas e mares devido ao trânsito de barcos e navios e interferência em represas para direcionamento ou interrupção do fornecimento de água para consumo humano e animal.
Compactação do solo e destruição de áreas agrícolas.
A intensa migração dos/as habitantes das regiões em conflito para países vizinhos, engrossando ainda mais o número de refugiados/as no mundo. Esta questão para além da humanitária e econômica também é ambiental aumentando a pressão sobre recursos naturais: terra, energia, água, combustível e comida.
Mesmo com o fim das batalhas, estas são consequências que continuarão a cobrar seu preço por décadas. E assim, grande parte do esforço dos últimos anos para combater o aquecimento global e minimizar o efeito das mudanças climáticas se perde na catástrofe da guerra.
Uma quantia imoral de recursos financeiros é gasta com armas, bombas, aviões e outras máquinas de morte; outro tanto tem que ser dirigido à reparação dos danos imediatos causados pelos ataques: remédios, abrigos, alimentação, hospitais de campanha, vestimentas, entre outros.
Computando a quantidade enorme de dólares destinados para causar morte e destruição e outros tantos para aliviar o sofrimento imediato, ficam as perguntas:
E se todos esses recursos fossem destinados ao combate da fome e da miséria mundial, mas também à mudança de tecnologia capaz de baixar rapidamente a emissão de GEE? E para a contenção do desmatamento e queimadas criminosas?
E também para adequar a infraestrutura especialmente das comunidades vulneráveis aos eventos extremos, evitando mortes por deslizamentos e inundações? E se ainda, os recursos fossem investidos em recuperação de solos e em plantios de árvores em áreas de secas? Ou em recuperação e proteção de nascentes?
Com certeza a qualidade de vida e da saúde das populações melhoraria consideravelmente, contribuindo para a recuperação do equilíbrio da Mãe-Terra.
Como se sabe, quando somos felizes e vivemos em harmonia com a Natureza, valorizamos o que temos e promovemos a segurança e a paz.
#Envolverde