Opinião

Campanha combate violência à mulher com cenas do cotidiano

por Mônica Martins, diretora da MM Ideias e ativista social – 

Soropmist faz campanha digital de conscientização, lança alertas e retrata como a mulher se sente ao se reconhecer como vítima.

Pensando no aumento do índice de violência às mulheres e meninas, especialmente durante a pandemia, a organização Soroptimist Internacional, da região Brasil,  lança a campanha institucional digital “É violência, SIM!” para alertar  sobre as diversas formas de agressões sofridas pelas mulheres.

Nesse final de ano,  os 28 clubes Soroptimistas do país, em conjunto com outros grupos da sociedade civil,  promovem fóruns, palestras e lives, com distribuição de cartazes e folders  para convocar a sociedade a refletir melhor sobre a violência sofrida pelas mulheres.

A campanha  “É violência, SIM!”  visa despertar a consciência das mulheres  para formas sutis de agressão  previstas na Lei Maria da Penha,  por meio de imagens e textos que retratam situações frequentes, que podem ser  consideradas como crime e devem ser denunciadas.

Maria Helena Riquinho dos Santos: Campanha tem pressa em socorrer mulheres em risco.

De acordo com Maria Helena Riquinho dos Santos, governadora da Soroptimist International da Região Brasil, “a pandemia agravou o estado de violência doméstica no país e as estatísticas assustadoras ficaram ainda mais altas, revelando os parceiros dessas mulheres como seus principais agressores”.

A entidade viveu um grande desafio neste ano com o isolamento e o contato virtual com a rotina nos lares.  As mulheres desconfiam de que existe algo errado no  relacionamento com seus parceiros,  mas  não fazem ideia de que esse incômodo pode ser um delito e evoluir para um fim trágico.

Desta forma, segundo Maria Helena, as ações de conscientização focaram o curtíssimo prazo, com dados do canal de denúncia, além de ampliar o conhecimento sobre as autoridades competentes para prosseguir com as medidas necessárias.

 O resultado foi além das expectativas: uniu e fortaleceu diversos movimentos de defesa das mulheres com o compromisso de disseminar o conteúdo da campanha,  que procurou ser simplificado e ao mesmo tempo esclarecedor para alcançar mais mulheres.

A iniciativa tem expectativa de fortalecer a representatividade de cada segmento de atuação dentro da rede de proteção social.

“Queremos alertar para a violência, direcionar aos canais de proteção e, principalmente, atuar na nossa missão de garantir a autonomia feminina por meio do acesso à igualdade de oportunidades”.

Justamente por essa razão, os programas da instituição “Viva seu Sonho” e “Sonhe e Realize”  viabilizam o estudo e a empregabilidade de meninas e mulheres em situação vulnerável.

Mais que tudo, pretende dar mais vitalidade para aquela pessoa “ofuscada” pelas sombras da violência. Quando a ficha dessa vítima cai, pode ser o início do fim de um ciclo de sofrimento.

 Enfim, um convite expresso para abrir um novo caminho que leve a mulher a ter mais autoestima, visão e iniciativa para ser feliz novamente.

ALMA ESTILHAÇADA

Criada pela agência Infinity, de São Paulo,  a campanha usa imagens opacas e estilhaçadas como vidro para representar como as mulheres se sentem por dentro ao serem vítimas de pressão, abusos e agressão.

Os textos foram criados pelas mãos de especialistas em direito, comunicação e educação de sete cidades diferentes, tudo em ambiente digital, para alertar e conscientizar as mulheres de que a agressão não acontece somente de forma física.

Existem diferentes maneiras de violar os direitos humanos da mulher que envolve a sua integridade física, psicológica e moral.

Para ajudar a identificar esses momentos,  10 imagens em template retratam o cotidiano da violência contra a mulher.  Nas primeiras artes, vários tipos de abusos são relacionados e trazem questionamentos como:  Alguém atirou objetos, te sacudiu e apertouSeguem sempre a frase “É violência, Sim!”

Na segunda parte da campanha, imagens dão nomes aos diferentes tipos de abusos como é o caso do pouco conhecido “Gaslighting”, que explica o ato de fazer a mulher achar que está ficando louca.

Também traz temas mais recorrentes como “Controlar e oprimir a mulher”, ou seja, não deixar sair, isolar dos amigos e família ou investigar o celular. Ainda fala da “Liberdade de crença”, quando o homem não permite que a mulher exerça a sua fé.

Sabemos da responsabilidade que temos em fazer um mundo diferente, e de trabalhar no combate à violência feminina, que nos traz a chance de engajar pessoas para conquistarmos um mundo melhor”, enfatiza Daniela Sinhorini de Moura, advogada e Coordenadora dos Programas de Combate à violência e de tráfico de Mulheres, do Clube Soroptimista de São Paulo, o mais antigo da rede no Brasil.

Para Sônia Maria de Barros Alberto, coordenadora regional do Programa de Combate à violência às Mulheres e Meninas,“o projeto também é uma forma de apoiar campanhas em defesa aos direitos das mulheres”.  Por exemplo, a campanha da ONU, o dia Laranja, “ORANGE DAY”, trabalha para eliminar a violência às mulheres e meninas no mundo todo.

INSTITUIÇÃO TEM HISTÓRICO DE DEFESA

A Soroptimist é uma organização mundial de voluntárias que oferece às mulheres e meninas, acesso à educação e ao treinamento necessário para que elas alcancem a autonomia econômica.  Foi fundada em outubro de 1921, em  Oakland, na Califórnia.

Em 1946, na celebração do “Jubileu de Prata”da Soroptimist Internacional, Bertha Lutz agraciada com o prêmio “ Helena Gamble” pelos relevantes trabalhos em defesa dos direitos da mulher, trouxe a organização Soroptimist para o Brasil, no Rio de Janeiro.

A partir de então, novos clubes surgiram no Brasil e em países latino americanos.

Atualmente, a Soroptimist International atua em 121 países com cerca de 3 mil clubes e reúne mais de 72 mil mulheres voluntárias.

A Federação a qual o Brasil pertence, Soroptimist International of the Americas (SIA),  composta por 28 regiões,  é dirigida por um Conselho de Administração formado por diretoras eleitas.

 (#Envolverde)