Sociedade

Empresas de comunicação se unem a iniciativas de impacto positivo e ESG

Iniciativas buscam trocas de experiências e construção coletiva de práticas e serviços que fomentam impacto positivo e ESG como forma de se colocar no mercado alinhando estratégia e posicionamento

O mercado da comunicação, cada vez mais, tem compreendido que não basta ajudar seus clientes a comunicarem seu impacto socioambiental: é preciso fazer parte da mudança e trazer esses resultados para dentro de casa. Por isso, cresce o número de empresas do segmento que fazem parte de redes que fomentam o impacto positivo, como a COMMON, comunidade colaborativa da qual a agência Colírio faz parte, e o Sistema B Brasil, organização que já certificou as práticas de Empresas B de comunicação, como a Profile.

A COMMON, que se define como uma “marca colaborativa”, foi criada em 2011 – no Colorado, Estados Unidos – com o propósito de acelerar a inovação social por meio de uma nova forma de capitalismo, unificando os negócios sociais pelo propósito, objetivos, meios e valores compartilhados. Esse posicionamento despertou o interesse de Teresa Guarita Grynberg e Alexandre Grynberg, sócios da Colírio — consultoria de design estratégico com foco em clientes interessados em impacto positivo — em fazer parte dessa comunidade.

De acordo com Mark Eckhardt, CEO da COMMON, a comunidade acredita que os empreendedores sociais podem “consertar as coisas” sobre o capitalismo que não estão funcionando. “Somos uma marca para outras marcas, uma comunidade colaborativa que acelera o lançamento e o crescimento de empresas que cuidam do planeta e de todas as criaturas nele. Sob o capitalismo tradicional, o benefício do valor da marca só se acumula para a própria empresa — não para a sociedade, não para o meio ambiente e não para gerações do futuro”, explica.

Teresa conta que a identificação com a COMMON foi imediata e a aproximação da Colírio com a comunidade foi inspirada pela própria história do fundador da marca, o designer estadunidense Alex Bogusky, co-fundador da premiada agência CP+B, nomeado em 2010 como Diretor Criativo da Década pela revista Adweek e atual defensor do consumo consciente. “A Colírio já estava no caminho dessa transformação há algum tempo. Já conhecíamos também um pouco da jornada que o Alex Bogusky tinha feito após a sua saída do mercado de publicidade e nos identificamos muito com isso. Para fazer parte da COMMON, nos submetemos a um processo que é todo online e, como tínhamos muitos dos nossos processos internos e posicionamento bastante alinhado com o deles, foi relativamente rápida a nossa entrada na comunidade”, explica.

Com a COMMON, os empreendedores se juntam a uma comunidade que acredita na criação e compartilhamento de valor social, em vez de apenas extraí-lo e acumulá-lo, e têm a consciência global de uma marca que representa um propósito, objetivo, meios e valores também compartilhados. “Acreditamos que esse potencial representa a oportunidade de uma nova relação entre consumidores e corporações, uma relação que capacita a fonte econômica mais poderosa do mundo, o consumidor, como força para uma mudança positiva”, complementa Mark.

O maior benefício em fazer parte de uma comunidade colaborativa com empresas que têm o objetivo de fomentar o impacto positivo em seus negócios, de acordo com Alexandre Grynberg, é a troca que esse ecossistema proporciona. “Um dos maiores aprendizados até agora nas trocas com a COMMON é que as dores e as oportunidades são praticamente iguais em todo o mundo. Uma consultoria de RH no Colorado ou uma empresa de alimentos na África passam pelos mesmos questionamentos na busca de um modelo mais justo de capitalismo. A COMMON não é um grupo de comunicação — na verdade, são pouquíssimas as empresas de comunicação que fazem parte da comunidade — mas, de empresários na busca de um modelo mais eficiente e justo de capitalismo. Temos muita coisa em comum, somos pessoas do mundo todo vivendo esse mesmo momento de transformação”, conta.

A COMMON reúne atualmente empresas e profissionais de mais de 20 países em todo o mundo e acredita que a adesão de empresas de design estratégico e comunicação é extremamente importante para essa comunidade, pois elas são especialistas em criar experiências que fazem as pessoas lembrarem de se preocupar com o bem-estar de outros seres humanos e as inspiram a agir. Para Mark Eckhardt, o Brasil é um mercado atraente para iniciativas como esta. “Como a maior economia da América Latina, o Brasil não é apenas um hub dentro das Américas, sua diversidade e posição única como administrador de 60% da floresta amazônica oferecem oportunidades emocionantes para iniciativas como a nossa que buscam crescer negócios que cuidem do planeta e de todas as criaturas sobre ele”, conclui.

Fazer parte desse tipo de iniciativa preocupada com o impacto positivo dos negócios aumenta a percepção de valor das empresas para seus clientes e parceiros, mas, de acordo com Teresa, o ganho maior para a Colírio está no alinhamento da empresa com os próprios valores. “Passamos por muitas discussões antes de abraçar esse novo posicionamento e, na nossa busca, algumas frases ficaram muito marcadas na nossa cabeça e hoje fazem parte dos nossos valores. Uma é ‘Agora, só faz sentido se for assim’. E a outra é ‘Coragem!’. Coragem, porque sabíamos que nem todos clientes, parceiros e colaboradores embarcariam com a gente nessa busca por uma nova maneira de fazer negócios. E entendemos que isso faz parte do processo”.

Embora existam muitas empresas trabalhando as pautas ESG (Environmental, Social and Governance) de forma séria e comprometida, sabe-se que ainda existe muito greenwashing quando se fala em iniciativas ESG. Por isso a importância de medidas que monitorem e certifiquem que as empresas realmente cumprem com o que falam. Alexandre Grynberg acredita que “os próprios consumidores estão mais exigentes e aprendendo a separar o que é de fato um posicionamento, um compromisso, do que é oportunismo. Os jovens, principalmente, não vão mais consumir produtos e marcas que não estejam alinhados com os valores e compromissos da geração deles de forma verdadeira. Essa vai ser uma seleção natural”.

Pensando justamente nessa comprovação das ações voltadas ao ESG, outra iniciativa que fomenta o impacto positivo no mundo e vem provocando cada vez mais empresas a repensarem suas práticas é o Sistema B Brasil – organização sem fins lucrativos responsável pelo engajamento, divulgação e articulação do “Movimento B”, que une pessoas que usam o poder de seus negócios para auxiliar na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Criada nos Estados Unidos, a iniciativa – que acabou de completar 8 anos no Brasil – tem o objetivo de apoiar e certificar as empresas que estão em busca da construção de um novo modelo econômico, em que o lucro venha acompanhado de critérios positivos de impacto social e ambiental. Mais do que ser a melhor empresa de seu segmento, as empresas B buscam ser negócios melhores para o mundo, retornando para a sociedade ganhos que vão além da geração de empregos ou riqueza para acionistas.

O Sistema B acredita que as empresas têm o papel de acelerar a implantação de uma Nova Economia, cujo maior indicador de sucesso seja o de promover impactos positivos que gerem valor para a sociedade de maneira sustentável. Hoje, o Brasil tem 17 Empresas B certificadas nos segmentos de comunicação e marketing, entre elas a Profile, especialista em narrativas de sustentabilidade, impacto positivo e ESG.

A agência de relações públicas, fundada em 2013 pelo jornalista e empreendedor Rodrigo V Cunha e pioneira ao especializar-se em sustentabilidade quando o tema ainda era pouco explorado pelo mercado de comunicação, também foi uma das primeiras a se tornar Empresa B no segmento, em 2019. Para o CEO da Profile, a missão de contar histórias de marcas, projetos e pessoas que inspiram a evolução e que têm em comum o compromisso com a sustentabilidade foi o que moveu a agência a se aproximar do Sistema B Brasil e buscar a sua certificação. “É necessário agirmos em várias frentes para redefinir o conceito de capitalismo e reforçar o potencial de os negócios liderarem a transformação que precisamos trazer para o mundo”, conclui Rodrigo.

Sobre a Colírio

A Colírio é uma consultoria de design estratégico fundada em 2004 e que realiza projetos de branding e de identidade de marca. Em 2021, a Colírio atualizou seu posicionamento de mercado buscando focar sua atuação em clientes interessados em impacto positivo. Por meio do design, a Colírio trabalha a comunicação de marcas que buscam ou querem iniciar a sua jornada de transformação.

Sobre o Sistema B

O Sistema B é uma organização responsável pelo engajamento, divulgação e promoção local de todo Movimento B no Brasil e América Latina, parceira do B Lab desde 2013. A organização articula um movimento global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa para as pessoas e para o planeta. No centro deste movimento estão as Empresas B, 216 já certificadas no Brasil e 793 na América Latina, que compartilham um perfil de negócio que equilibra propósito e lucro, considerando o impacto de suas decisões em seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente. No mundo, já são 4070 empresas certificadas.

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