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A nova vida de assentados da Transposição do São Francisco

por Maristela Crispim, da Agência EcoNordeste –  A vida segue ritmo próprio nas vilas produtivas onde foram reassentadas famílias deslocadas pelas obras da Transposição das Águas do Rio São Francisco  São José de Piranhas – Na quarta matéria na região de Sousa (PB), encontramos Damião Ferreira Fernandes, 28.

Atualizado em 29/11/2018 às 11:11, por Dal Marcondes.

por Maristela Crispim, da Agência EcoNordeste – 

A vida segue ritmo próprio nas vilas produtivas onde foram reassentadas famílias deslocadas pelas obras da Transposição das Águas do Rio São Francisco 

São José de Piranhas –  Na quarta matéria na região de Sousa (PB), encontramos Damião Ferreira Fernandes, 28. Ele pertence a uma família de agricultores que há dois anos e oito meses vive na Vila Produtiva Rural Irapuá I com outros 31 reassentados pelo  Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Pisf) .

Segundo Damião, são 256 famílias reassentadas pela Transposição na Paraíba, em quatro vilas produtivas. Para ele, os pontos positivos ganham dos negativos no balanço geral da mudança. Mas, apesar de a vida ser melhor na nova morada, destaca que as terras não são melhores que as anteriores, mas que isso varia de vila para vila.

Ele conta que a  assistência técnica  foi bem importante na transição e que a situação econômica das famílias melhorou, embora também haja uma variação de caso a caso. Eles deixaram as casas em 2012 e foram reassentados em 2016. Enquanto não recebiam as casas, tiveram uma ajuda de custo mensal de R$ 1.200.

Maria Zélia e Damião cuidam das cabras no quintal produtivo. FOTO: Maristela Crispim

As casas entregues têm três quartos, banheiro, cozinha e sala. Algumas já foram reformadas e ampliadas. Elas não possuem cisternas, pois têm água encanada a partir da  Barragem Boa Vista , conta Maria Zélia Ferreira Fernandes, 62, mãe de Damião, que planta hortaliças, cria galinhas, cabras e já está constituindo um pomar de frutíferas em seu quintal produtivo.

Numa localidade da Barragem Morros, visitamos algumas ruínas de imóveis desapropriados por segurança, inclusive uma escola. FOTO: Maristela Crispim

Numa localidade da Barragem Morros, visitamos algumas ruínas de imóveis desapropriados por segurança, inclusive uma escola. Não muito distante dali está o  Túnel Cuncas I , um dos seis do Eixo Norte da Transposição do São Francisco. Maior do Projeto e o maior para transporte de água da América Latina, tem 15 quilômetros de extensão, 9 metros de altura e de largura. Interliga São José de Piranhas (Paraíba) a Mauriti (Ceará). Seu objetivo é dar vazão a 83 mil litros d’água por segundo.

Túnel Cuncas I é o maior para transporte de água da América Latina, tem 15 quilômetros de extensão e interliga São José de Piranhas (Paraíba) a Mauriti (Ceará). FOTO: Maristela Crispim

O Projeto São Francisco

Segundo o informações do  Ministério da Integração Nacional , o Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco , inaugurado em março de 2017, vem, desde então, garantindo o abastecimento de água a um milhão de pessoas em 35 municípios nos estados de Pernambuco e da Paraíba.

Já o Eixo Norte está na fase final, com mais de 97% das obras concluídas. Todas as grandes estruturas para condução da água aos estados beneficiados estão prontas – estações elevatórias, túneis, aquedutos etc. Os serviços remanescentes contam com turnos 24 horas para garantir o cronograma de entrega até o fim deste ano.

O Eixo Norte da Transposição está na fase final, com mais de 97% das obras concluídas. FOTO: Maristela Crispim

Ainda sobre o Eixo Norte, as águas do  Rio São Francisco  já avançam por 80 quilômetros de canais e outras estruturas – desde a captação, em Cabrobó (PE), até a terceira estação de bombeamento (EBI-3), em Salgueiro (PE). Desde novembro de 2017, o eixo vem atendendo mais de 12 mil moradores em comunidades rurais nos municípios pernambucanos de Cabrobó e Terra Nova.

Quanto à conclusão do empreendimento, é importante destacar que cabe ao Governo Federal entregar a água do São Francisco aos pontos de captação inicialmente previstos nos quatro estados beneficiários. Já os governos estaduais têm a prerrogativa de estudar e implementar intervenções necessárias para levar o recurso hídrico aos municípios e às torneiras das casas da população.

Potencial de atendimento

A Barragem Boa Vista é uma das que integra o Eixo Norte da Transposição das Águas do Rio São Francisco, localizada em São José de Piranhas (PB). FOTO: Maristela Crispim

O Eixo Leste foi projetado para levar água para aproximadamente 4,5 milhões de pessoas, em 168 municípios em Pernambuco e na Paraíba. Já o Eixo Norte, tem potencial para beneficiar 7,1 milhões de habitantes em 223 municípios, nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e Ceará. Destes, inclusive, mais de quatro milhões de moradores somente na  Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) .

* A jornalista viajou à Paraíba a convite da  Inter Press Service – News Agency (IPS)

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