/apidata/imgcache/8a6395b1b999c7cd84ec0fd1daa0f080.jpeg?banner=top&when=1764909097&who=161

Consumidores têm papel estratégico em caminhos para descarbonização

Na COP30, CEO da C&A, Paulo Correa, destacou o papel do consumidor para se atingir metas de descarbonização

Atualizado em 28/11/2025 às 14:11, por Reinaldo Canto.

Moça negra usando uma jaqueta jeans sustentável

Sob o calor úmido de Belém e no ritmo intenso da COP30, o CEO da C&A Brasil, Paulo Correa, levou ao debate climático uma mensagem direta: “nenhuma estratégia de descarbonização avança sem a participação ativa do consumidor”.

A fala aconteceu no evento COP30 Business Fórum, promovido pela Amcham Brasil, no Parque Mangal das Garças, onde Correa dividiu o palco com representantes da DOW, 3M e Gerdau, no painel “From industry to services: driving decarbonization across the economy”. Em sua participação, ele destacou metas, resultados e as ações que vêm reposicionando a C&A na agenda climática e na circularidade.

A companhia chegou à COP30 com entregas consistentes. Em 2024, atualizou para 42% sua meta de redução absoluta de emissões até 2030, compromisso validado pela Science Based Targets initiative (SBTi) e alinhado ao cenário de 1,5°C. O uso integral de energia elétrica proveniente de fontes renováveis já evita 10 mil toneladas de CO₂ por ano. Segundo Correa, números dessa magnitude mostram que “moda com impacto positivo” deixou de ser conceito e passou a ser modelo de negócio.

Cyntia Watanabe, Gerente-sênior de ESG e de Comunicação da C&A Brasil, durante evento de assinatura com o Pacto Global da ONU. Foto: @cabronstudios

Mas foi ao falar sobre o comportamento do consumidor que o CEO trouxe o ponto mais central da discussão. Ele defendeu que a transição para uma economia de baixo carbono só será bem-sucedida quando o consumidor compreender que o fim da vida útil de uma peça não é um encerramento, mas o início de uma nova história. “Essa decisão de consumo, muitas vezes emocional, precisa estar engajada na possibilidade de dar uma vida nova aos produtos”, afirmou.

Esse entendimento orienta a estratégia de circularidade da C&A, presente no Movimento ReCiclo, lançado em 2017. Desde então, mais de 410 mil peças foram recolhidas, o equivalente a 135 toneladas de tecidos. Somente entre janeiro e julho de 2025, as urnas da marca receberam 68 mil peças, um crescimento de 73% em relação ao mesmo período de 2024. As peças em bom estado são destinadas a projetos sociais apoiados pelo Instituto C&A; as demais retornam à indústria como matéria-prima reciclada.

Foto: C&A Brasil


O Jeans Circular sintetiza esse ciclo. Lançado em 2021, ele já ultrapassou 250 mil unidades produzidas com fios reciclados provenientes de doações e resíduos têxteis. Para Correa, o impacto não é apenas operacional: “A peça descartada que alguém deixou vira uma peça que faz outra pessoa se sentir bem, mais confiante, mais bonita.”

A moderadora do painel, Mariana Orsini, ressaltou que a C&A era a única empresa B2C do debate e, portanto, a única diretamente conectada ao consumidor final. Isso reforçou o argumento de Correa: o comportamento do público tem poder de acelerar mudanças de forma imediata. Ainda assim, o CEO lembrou de um desafio típico do mercado brasileiro: os consumidores não estão dispostos a pagar mais por produtos éticos ou circulares. A responsabilidade, reforça, é das empresas que precisam ampliar impacto sem onerar o cliente.

Ao encerrar sua participação, Correa fez um chamado à ação: “A minha expectativa é de implementação, de ação real.” Uma síntese do que levou a C&A à COP30 e do que o setor da moda precisa para avançar com metas consistentes, inovação contínua e consumidores engajados em um novo ciclo para a moda brasileira.

 

Envolverde