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Dia da Terra: 50 anos depois, uma pandemia e uma crise climática indicam caminhos para um futuro (de fato) sustentável

Por Mônica Nunes, Conexão Planeta –  Hoje, 22 de abril de 2020, faz 50 anos que o ativista ambiental e senador norte-americano, Gaylord Nelson, resolveu marcar essa data como forma de saudar o planeta Terra.

Atualizado em 22/04/2020 às 17:04, por Redação Envolverde.

Por Mônica Nunes , Conexão Planeta – 

Hoje,  22 de abril de 2020 , faz 50 anos que o  ativista ambiental  e senador norte-americano, Gaylord Nelson, resolveu marcar essa data como forma de saudar o  planeta Terra . Sua intenção era provocar a  consciência mundial  a cerca dos problemas da contaminação ar, do solo e dos oceanos, despertar a humanidade para a  conservação da biodiversidade , entre outras questões, e entendêssemos a urgência de  proteger nossa casa comum .

Este ano, essa data é ainda mais especial. Não por causa do seu aniversário, mas também – e principalmente – porque a  humanidade  inteira está unida, enfrentando uma  pandemia  de um vírus veloz, que nos convida, todos os dias, a rever valores, a repensar atitudes, decisões, a olhar as pessoas com mais  solidariedade e empatia . E, quem não aderiu a essa  onda solidária  e à  reflexão , deixa ainda mais evidente sua  desconexão  com o que realmente importa, com o  espírito do tempo .

Vale refletir a respeito do que tem acontecido em vários lugares do mundo devido ao  isolamento social , que desacelerou nossas urgências, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e tornando as paisagens mais amigáveis e o ar mais limpo. Por conta disto por exemplo, na China, país onde o ar é um dos mais poluídos do planeta, milhões de crianças e idosos não morrerão e não terão suas vidas encurtadas.

Aproveitemos essa data para celebrar a beleza e a força deste planeta , sim. Mas com a consciência de que esse cenário –  com o qual muitos ainda sofrerão por perder seus entes e amigos queridos, mas também devido às suas condições sociais e econômicas  – ainda não é suficiente para nos colocar no caminho que poderia nos levar a cumprir as metas estabelecidas no  Acordo de Paris , no final de 2015. Ou seja, o mundo deveria parar assim, de forma radical, por muito mais tempo (sabe-se lá quanto), para que pudéssemos cumprir tais metas e evitássemos ultrapassar o limite da temperatura – 1.5 grau Celsius – que nos levaria (ou levará) à  extinção . Difícil, mas necessário lidar com esta realidade.

Para  António Guterres secretário-geral da ONU , o mundo poderia estar melhor preparado para responder ao  desafio da pandemia do novo coronavírus  – que ele considera como “um lembrete da vulnerabilidade humana frente a ameaças globais” -, se tivesse se dedicado ao cumprimento dos  17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável , propostos pela organização em 2016, e do  Acordo de Paris .

Em mensagem especial que gravou para o mundo, pelo Dia da Terra, ele ressaltou que a pandemia é  o maior teste que a humanidade já enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial :

“Devemos trabalhar juntos para salvar vidas, aliviar o sofrimento e diminuir suas consequências sociais e econômicas devastadoras. O impacto do coronavírus é imediato e terrível. Mas há uma outra emergência profunda: a crise ambiental do planeta. A biodiversidade está em declínio acentuado, a ruptura climática está chegando a um ponto de não-retorno. Devemos agir sem hesitação para proteger o nosso planeta, tanto do coronavírus como da ameaça existencial das perturbações climáticas. A crise atual é um despertar sem precedentes. Precisamos transformar a recuperação numa oportunidade real para as fazer as coisas certas para o futuro”.

Diante desse cenário, Guterres propõe  seis ações relacionadas com o clima  para “moldar a recuperação e o trabalho que temos pela frente”  pós-coronavírus :

1. ao gastarmos enormes quantias de dinheiro para nos recuperar do coronavírus, precisamos criar  novos empregos e negócios para uma transição limpa e verd e;
2. quando o dinheiro dos contribuintes for utilizado para recuperar empresas, que isso esteja vinculado à  criação de empregos verdes e ao crescimento sustentável ;
3. o poder das políticas orçamentárias deve transformar a economia cinzenta de hoje por uma  economia verde  e tornar as  sociedades (e as pessoas, claro) mais resilientes ;
4. os fundos públicos devem ser usados para  investir no futuro , não no passado, e utilizados em setores e projetos sustentáveis, que ajudam o meio ambiente e o clima. Os subsídios aos combustíveis fósseis devem terminar e os  poluidores devem começar a pagar pela sua poluição ;
5. os riscos e as oportunidades relacionados com o clima devem ser incorporados no sistema financeiro, bem como em todos os aspectos da formulação de políticas públicas e de infraestruturas; e
6. precisamos trabalhar juntos, como uma  comunidade internacional .

Gutérres acredita que estes seis princípios podem constituir um  guia para a recuperação mundial . “Os gases de efeito estufa, assim como os vírus, não respeitam fronteiras nacionais”. E convida: “Neste Dia da Terra, por favor, junte-se a mim para exigir um futuro saudável e resiliente para as pessoas e o planeta”.

Não vamos (e não podemos) voltar ao normal. Foi essa situação que chamamos de “normal” que nos trouxe até aqui, então, seria de uma ignorância completa continuar investindo no mesmo modelo. Se um ser vivo não está bem, não há como haver equilíbrio planetário nem felicidade. E nada disso se compra.

Por isso, vamos aproveitar este  Dia da Terra  pra declarar nosso amor por ela, sim, mas também para começar a criar – dentro de nós e, logo em seguida, para a vida ao nosso redor – o mundo que queremos, de fato, viver. Não há mais tempo para devaneios.

Reproduzi todo o pronunciamento de António Guterres, da ONU, acima, mas vale ouvi-lo também:

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.

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