Exposição “AMAZÔNIA” emociona COP30 e resgata legado de Sebastião Salgado
Um dos momentos mais simbólicos da sessão de alto nível da COP30, nesta segunda-feira (17), foi a homenagem ao fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, morto em maio deste ano, cujo trabalho tornou-se referência mundial na defesa da natureza e dos povos tradicionais.

Por Reinaldo Canto* -
Belém (PA) – O presidente da conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, abriu a plenária exibindo um vídeo com imagens da série “Amazônia”, produzidas entre 2013 e 2019 em diversas regiões da floresta tropical.
Com voz pausada e visivelmente emocionado, Corrêa do Lago afirmou:
“Seu legado permanece como consciência imortal de seu tempo. Um sentido que dignifica a pessoa em seu trabalho, seu solo e também nos conclama a proteger as florestas, as águas e todos os seres viventes sobre o nosso planeta.”
A curadoria do vídeo exibido na abertura foi feita por Lélia Wanick Salgado, companheira do fotógrafo e responsável pela edição de grande parte de sua obra nas últimas décadas. A trilha sonora é interpretada pela cantora lírica Maria Lúcia Godoy, o que reforçou a atmosfera intimista em meio a negociações intensas sobre clima, financiamento climático e preservação de biomas.
A arte que fala quando a política falha
Em uma conferência marcada por pressões internacionais para que países avancem na implementação do Acordo de Paris, a exibição das imagens funcionou como um lembrete de que a Amazônia ultrapassa o terreno técnico dos gráficos de emissões: ela é casa, sujeito de direitos e território de espiritualidade.
As fotografias revelam aldeias indígenas, rios sinuosos, comunidades ribeirinhas, formações de nuvens monumentais e árvores centenárias, reiterando a luta de povos que, mesmo sob ameaças antigas e recentes, continuam sendo guardiões da floresta.
Salgado não retratava apenas paisagens, mas relações ecológicas e humanas, tornando o espectador cúmplice da urgência de proteção.
Museu das Amazônias exibe coleção completa em Belém
Os participantes da COP30 e o público em geral podem visitar a exposição completa no Museu das Amazônias, em Belém, que abriga a série “Amazônia” em uma mostra sensorial que combina imagens, sons da floresta e relatos gravados de povos indígenas.
A curadoria busca não apenas celebrar o trabalho de Salgado, mas provocar uma experiência de imersão política e emocional. Em tempos nos quais a devastação avança, a exposição oferece uma pedagogia do cuidado e uma memória visual do que ainda pode ser salvo.
Uma ausência presente
A morte de Sebastião Salgado, ocorrida poucos meses antes da conferência, transformou a homenagem em um rito coletivo. Sua obra, porém, permanece como uma das mais contundentes narrativas visuais sobre a urgência climática no século XXI.
Não é por acaso que suas imagens voltam à COP justo quando a Amazônia se torna o centro do debate global. Se a COP30 busca consolidar um novo ciclo político para o clima, a presença simbólica de Salgado lembra que não há negociação possível sem reverência à terra e às vidas que ela sustenta.
Serviço – Exposição “Amazônia”
Museu das Amazônias – Belém (PA)
Em cartaz durante todo o período da COP30
Curadoria: Lélia Wanick Salgado
Sonorização: Maria Lúcia Godoy

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