Menor participação indígena no mercado de trabalho revela vulnerabilidades dessas populações
por Equipe Synergia Socioambiental – A menor participação indígena no mercado de trabalho revela preconceitos, estereótipos e falta de acesso à educação de qualidade, que impactam também em diversas outras áreas, demonstrando como essas populações ainda estão mais vulneráveis do que outras minorias.
por Equipe Synergia Socioambiental –
Em 2019, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontavam o crescimento no número de pessoas indígenas com ensino superior contratadas com carteira assinada , em relação a 2018. Até então, esses números eram considerados os melhores da década , e especialistas declaravam que o aumento das contratações estava relacionado à expansão do ensino superior no país – principalmente com a maior oferta de ensino à distância . E, além da adoção de políticas de ação afirmativa – como cotas – o aumento da quantidade de pessoas indígenas no ensino superior foi apontado como resultado da ampliação do contingente de alunos indígenas na educação básica .
Pandemia trouxe retrocessos para população indígena no mercado de trabalho
Em 2020, indicando um movimento de retrocesso em relação ao desenvolvimento que estava sendo alcançado, as principais notícias sobre a população indígena e o trabalho foram baseadas em uma pesquisa da FGV Social (Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas), que indicava que a pandemia de covid-19 havia afetado de maneira grave a participação indígena no mercado de trabalho .
A partir de dados do IBGE relativos ao segundo trimestre de 2020, a pesquisa apontou que o desemprego aumentou mais entre o grupo de pessoas indígenas do que em outros grupos e indicou perda de 28,6% de renda . O alto índice de trabalho informal entre a população e o isolamento podem ter sido fatores que contribuíram para esse resultado.
Vale destacar que estudos indicaram que, proporcionalmente, as populações indígenas foram mais infectadas do que a população em geral, e tiveram menor cobertura vacinal em comparação a outros grupos – principalmente por estarem em regiões de difícil acesso . Na época, um análise feita pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) chegou a indicar que a taxa de mortalidade pela Covid-19 entre indígenas da Amazônia Legal era 150% maior se comparada à média nacional.
Dados atuais mostram que ainda não houve recuperação
Os dados de 2022, divulgados pela Pnad Contínua do IBGE, evidenciaram que os desafios para se ampliar a participação indígena no mercado de trabalho ainda são muitos – e que não houve recuperação do ritmo de desenvolvimento anterior à pandemia . Atualmente, a população indígena no Brasil tem o maior número de profissionais em postos informais , a segunda maior taxa de desemprego – inferior apenas à taxa de pessoas pretas e pardas – e a menor participação no mercado de trabalho.
A falta de acesso à universidade e ausência de capacitação profissional para as pessoas e comunidades indígenas também foram destaques negativos e evidenciaram a falta de oportunidades: a mesma pesquisa apontou que das 42,9 mil pessoas indígenas desempregadas no terceiro trimestre de 2022, 59,6% possuíam até o ensino fundamental completo , 34,1% tinham o ensino médio completo e somente 6,3% possuíam o ensino superior completo .
A inclusão , a criação de mais oportunidades de acesso à educação de qualidade e a inserção da população indígena no mercado de trabalho têm sido apontados como os principais desafios a serem enfrentados pela indígena Sonia Guajarara , primeira ministra a assumir o inédito Ministério dos Povos Indígenas – criado pelo governo atual.
(Synergia/Envolverde)





