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Menor participação indígena no mercado de trabalho revela vulnerabilidades dessas populações 

por Equipe Synergia Socioambiental  – A menor participação indígena no mercado de trabalho revela preconceitos, estereótipos e falta de acesso à educação de qualidade, que impactam também em diversas outras áreas, demonstrando como essas populações ainda estão mais vulneráveis do que outras minorias.

Atualizado em 19/04/2023 às 19:04, por Dal Marcondes.

por Equipe Synergia Socioambiental  –

A menor participação indígena no mercado de trabalho  revela preconceitos, estereótipos e  falta de acesso à educação de qualidade , que impactam também em diversas outras áreas, demonstrando como essas populações ainda estão mais  vulneráveis  do que outras minorias.

Em 2019, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontavam o crescimento no número de  pessoas indígenas com ensino superior contratadas com carteira assinada , em relação a 2018. Até então, esses números eram considerados  os melhores da década , e especialistas declaravam que o aumento das contratações estava relacionado à  expansão do ensino superior no país  – principalmente com a maior oferta de  ensino à distância . E, além da adoção de  políticas de ação afirmativa  – como cotas – o aumento da quantidade de pessoas indígenas no ensino superior foi apontado como resultado da  ampliação do contingente  de  alunos indígenas na educação básica .

Pandemia trouxe retrocessos para população indígena no mercado de trabalho

Em 2020, indicando um movimento de  retrocesso  em relação ao desenvolvimento que estava sendo alcançado, as principais notícias sobre a população indígena e o trabalho foram baseadas em uma pesquisa da FGV Social (Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas), que indicava que a  pandemia de covid-19  havia afetado de maneira grave a  participação indígena no mercado de trabalho .

A partir de dados do IBGE relativos ao segundo trimestre de 2020, a pesquisa apontou que o desemprego aumentou mais entre o grupo de pessoas indígenas  do que em outros grupos e indicou  perda de 28,6% de renda . O  alto índice de trabalho informal  entre a população e o  isolamento  podem ter sido fatores que contribuíram para esse resultado.

Vale destacar que estudos indicaram que, proporcionalmente, as  populações indígenas foram mais infectadas  do que a população em geral, e  tiveram menor cobertura vacinal  em comparação a outros grupos – principalmente por estarem em  regiões de difícil acesso . Na época, um análise feita pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) chegou a indicar que a  taxa de mortalidade pela Covid-19 entre indígenas  da Amazônia Legal era  150% maior  se comparada à média nacional.

Dados atuais mostram que ainda não houve recuperação

Os dados de 2022, divulgados pela Pnad Contínua do IBGE, evidenciaram que os  desafios  para se ampliar a participação indígena no mercado de trabalho ainda são muitos – e que  não houve recuperação do ritmo de desenvolvimento   anterior à pandemia . Atualmente, a população indígena no Brasil tem o  maior número de profissionais em postos informais , a  segunda maior taxa de desemprego  – inferior apenas à taxa de pessoas pretas e pardas – e a  menor participação  no mercado de trabalho.

A inserção de indígenas no mercado de trabalho é um dos principais desafios da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Foto: Fenando Frazão/Agência Brasil

falta de acesso à universidade  e ausência de  capacitação profissional para as pessoas e comunidades indígenas  também foram destaques negativos e evidenciaram a falta de oportunidades: a mesma pesquisa apontou que das  42,9 mil pessoas indígenas desempregadas  no terceiro trimestre de 2022,  59,6% possuíam até o ensino fundamental completo 34,1% tinham o ensino médio completo  e somente  6,3% possuíam o ensino superior completo .

inclusão , a criação de mais oportunidades de  acesso à educação de qualidade  e a  inserção da população indígena no mercado de trabalho  têm sido apontados como os principais desafios a serem enfrentados pela indígena  Sonia Guajarara , primeira ministra a assumir o inédito  Ministério dos Povos Indígenas  – criado pelo governo atual.

(Synergia/Envolverde)