ONU faz apelo aos governos para que proíbam o comércio de animais silvestres a fim de evitar futuras pandemias
Por Mônica Nunes, Conexão Planeta – Ainda não está totalmente confirmado, mas o mais provável é que o início da contaminação por coronavírus se deu num mercado da cidade chinesa Wuhan pelo consumo da carne de um pangolim (ou de um morcego) por um ser humano.
Por Mônica Nunes , Conexão Planeta –
Ainda não está totalmente confirmado, mas o mais provável é que o início da contaminação por coronavírus se deu num mercado da cidade chinesa Wuhan pelo consumo da carne de um pangolim (ou de um morcego) por um ser humano. Assim que a epidemia no país começou, a China adotou legislação que proíbe, temporariamente, o consumo de qualquer animal selvagem, caçado na natureza ou criado em cativeiro . E cientistas pediram à Pequim, por meio de artigo , que tornem a proibição permanente.
No início de abril, Shenzen, na China, anunciou a proibição do consumo de carne de cães e gatos . E as campanhas contra esse tipo de comércio pelo mundo não param, como a que foi lançada por organizações internacionais #TireAsMãosDosSilvestres (#HandsOffWildlife, no original em inglês) como um apelo para que as comunidades globais de conservação, saúde, negócios e segurança se unam para evitar que novas epidemias aconteçam.
Esta semana, a ONU também se manifestou a respeito. Elizabeth Maruma Mrema , secretaria-executiva do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica , pediu aos governos que, para evitar futuras pandemias , proíbam o comércio de animais vivos e/ou mortos, domésticos ou selvagens , para consumo humano.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian , Mrema ressaltou que os países precisam agir para evitar que tenhamos que enfrentar novas pandemias e que proibir esse comércio está entre as principais medidas. Mas ponderou que é preciso criar subsídios e apoio financeiro para as comunidades que dependem desse tipo de negócio, alertando, ainda, que a falta de apoio para essas pessoas pode levar ao trágico ilegal .
“Seria bom proibir esses mercados como a China e outros países fizeram, mas não podemos esquecer de que temos comunidades, sobretudo em áreas rurais com baixos rendimentos, que dependem dos animais selvagens para seu sustento”. E acrescentou: “A menos que se arranjem alternativas para essas comunidades, poderá haver o perigo da abertura de mercados ilegais de vida selvagem , o que tem levado à extinção de algumas espécies ”.
Maior consciência sobre a importância da conservação da biodiversidade
A transição da indústria baseada na carne de espécies silvestres e da produção da medicina tradicional chinesa , que também se utiliza desses animais, deve ser feita e acompanhada de perto para que não leve a outras consequências desastrosas.
Vale ressaltar a crueldade e a falta de higiene pelas quais passam esses animais. Alguns são vendidos vivos, mantidos em pequenas gaiolas empilhadas, sem nenhuma higiene e que propiciam que defequem e urinem uns em cima dos outros, aumentando o cenário propício à transmissão de doenças.
Citando os exemplos do Ebola na África e do vírus Nipah no leste da Ásia, na coletiva à imprensa, Mrema afirmou que há ligações claras entre a destruição da natureza e as novas doenças humanas, alertando para a abordagem reacionária, em relação à pandemia do coronavírus, em curso. “A mensagem que estamos recebendo é que, se não cuidarmos da natureza, ela cuidará de nós”.
Por isso, A executiva da ONU acredita que a pandemia pode levar a humanidade a, finalmente, compreender as consequências da destruição da biodiversidade . E que tal mudança comportamental pode se refletir no acordo estabelecido entre os países que participaram da última convenção da biodiversidade, em 2018 (bianual, o encontro deste ano foi cancelado devido à pandemia).
“A perda de biodiversidade é um grande fator no aparecimento de alguns destes vírus. O desmatamento em larga escala, a degradação e a fragmentação do habitat , a agricultura intensiva , o sistema alimentar , o comércio de animais e plantas e as alterações climáticas de origem antropogênica conduzem à essa perda e a novas doenças”, ressaltou Elizabeth Maruma Mrema.
Para finalizar, indico a leitura do artigo Não esqueçamos a origem do coronavírus: parem o tráfico e consumo de animais silvestres imediatamente! , de autoria dos biólogos Augusto Gomes e Malene Emilie Rustad.
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.
#Envolverde





