O mercado de construção sustentável: oportunidades e desafios para o Brasil

Foto: arquitetura sustentável
Foto: arquitetura sustentável

O mercado de construção sustentável traz oportunidades e desafios para toda a indústria. Há ainda muito espaço para crescer e o Brasil vai indo bem: aparece em quarto lugar entre os países que concentram edificações sustentáveis. Os Estados Unidos são líderes mundiais, seguidos pela China e Emirados Árabes Unidos. Tais certificações, que atestam a qualidade sustentável dos projetos, já são referência no País. O AQUA–HQE™, da Fundação Vanzolini, que  contabiliza 215 edificações certificadas, DGNB (Alemanha), CASBEE (Japão), LEED (EUA), etiquetagem de eficiência energética de edificações, como o Procel, selo de interiores comerciais, como o BREEAM e SKA Rating (Reino Unido), selos de boas práticas de gestão como o A3P (Setor Público) e de projeto e construção, como Selo Azul (Brasil), além de certificação de materiais sustentáveis, como o FSC e o RGMAT.

Cada selo tem seu próprio critério e o cenário é bom para certificações de todos os formatos. Este é mais um ponto a favor para as empresas que atuam pelo critério da sustentabilidade e enxergam neste quesito uma maneira para construir as bases fortes para seu crescimento.

Como crescer? Os desafios são muitos, mas, primeiro, vamos ao cenário. Só para se ter uma ideia, segundo a consultoria Sustentech, o segmento representa 9% do mercado da construção civil brasileiro. O número de edificações ainda é relativamente baixo, e isso representa um caminho enorme a ser percorrido. O primeiro edifício sustentável do Brasil foi uma agência do Banco Real – ABN Amro Bank, que foi certificado em 2007. De lá para cá, residências, escolas, hospitais e até estádios de futebol passaram a receber certificações sustentáveis.

Uma edificação sustentável é aquela que tem como objetivo minimizar os danos que o setor causa ao meio ambiente. E, a partir disso, as oportunidades para o setor aparecem por todo lado. Na prática, vamos tomar como base apenas o setor de tintas, que é o que mais fabrica produtos sustentáveis atualmente (30% da sua produção já estão em linha com os parâmetros da sustentabilidade). Toda atualização tecnológica ali empregada, bem como os inúmeros cursos para que a mão de obra se torne ainda mais especializada, enfim, todo este conjunto de ações foi traduzido em uma nova riqueza para o setor.

Outro exemplo: a economia de energia. A eficiência energética vai desde as dimensões das janelas, passa pelos tipos de vidro escolhidos. Os edifícios sustentáveis chegam a gerar uma economia de até 30% no consumo de eletricidade.

Há quem imagine que, com toda essa engenharia aplicada, um edifício sustentável custe muito mais caro do que as edificações tradicionais. Mas não é bem assim. Em geral, a construção de um prédio projetado desta forma custa apenas 10% a mais do que os empreendimentos comuns. Há sete anos, os custos eram 30% maiores. Em pouco tempo, os valores devem ser igualados e, logo mais, um prédio sustentável poderá custar até menos do que os tradicionais.

Edificações sustentáveis pensam e trabalham preventivamente contra a escassez dos recursos. E isso vem se tornando prioridade para os consumidores conscientes. E uma grande oportunidade para todo o setor da construção.

Liliane Bortoluci é diretora da Expo Arquitetura Sustentável, promovida pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, formada em engenharia pela Fundação Armando Álvares Penteado.