Por Flávia Pini *
Quem costuma viajar pelo Brasil certamente está enfrentando problemas na hora de fazer as malas. Em São Paulo, um verão mais frio, com ventos gelados à noite. Na região Nordeste, uma forte seca, com termômetros na casa dos 40ºC. Por fim, no Sul, chuvas torrenciais e enchentes. O tamanho continental do país contribui, em partes, para explicar temperaturas tão díspares umas das outras. Porém, a instabilidade climática e os desastres naturais também refletem os efeitos que o aquecimento global causa em todo o mundo.
Os mais céticos costumam lembrar que o aumento de temperatura na superfície terrestre é um processo natural e que, no fim de 2015, ocorreu o fenômeno El Niño, que provoca mudanças climáticas importantes em várias regiões. Porém, é a ação humana a principal responsável pela explosão desses índices. Apenas nas últimas três décadas, a presença de carbono na atmosfera passou de 340 ppm (partes por milhão) para 400 ppm, de acordo com a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). O crescimento é idêntico ao registrado nos dois séculos anteriores.
Com mais substâncias tóxicas na natureza, é inevitável que a temperatura da Terra aumente consideravelmente – contribuindo para o acontecimento de desastres naturais. Assim, países com grande extensão territorial registram diferentes fenômenos ao mesmo tempo e encontram dificuldades para socorrer situações emergenciais. No Brasil, por exemplo, 96 milhões de pessoas foram afetadas direta ou indiretamente por estiagem, chuvas ocorridas entre outras tragédias, segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais.
Este desequilíbrio não é exclusividade nossa. A ONU estima que 600 mil pessoas morreram em todo o mundo por conta de fenômenos naturais entre 1995 e 2014 – outras 4,1 bilhões ficaram feridas, desabrigadas ou necessitadas de ajuda emergencial (58% da população mundial). Além disso, levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) estima que os desastres tenham causado um prejuízo de US$ 1,5 trilhão apenas na questão alimentar entre 2003 e 2013.
Por mais que seja impossível prever quando e onde um desastre natural pode ocorrer, algumas medidas podem ser adotadas para evitar que se ampliem. A principal ação, já orientada na Conferência do Clima, realizada no fim de 2015, consiste na diminuição imediata do dióxido de carbono emitido pela indústria global. Depois, é preciso que o poder público, as empresas e o terceiro setor pensem em políticas públicas que possam, de fato, promover a sustentabilidade em todas as atividades humanas, poupando recursos naturais e evitando descontrole climático.
Antigamente, as sociedades primitivas rezavam aos deuses para evitar – ou pedir – fenômenos naturais. Hoje, além das preces, é possível fazer sua parte para evitar que desastres possam afligir um país inteiro. (#Envolverde)
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país.