Por Lúcia Chayb e René Capriles, da Revista Eco21 –
Edição 266
Há 30 anos, no dia 22 de Dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado por ruralistas e desmatadores do Acre.
O disparo já silenciou há muito tempo, mas o morto vive, há muito tempo. Do corpo enterrado nasceu uma nova floresta verde, obstinada em germinar novas vozes mais fortes do que o chumbo das balas, mais duras do que o destino, mais tenras do que as flores e mais vivas do que a própria morte.
Trinta anos depois, o sangue das veias abertas da floresta continua espirrando na região amazônica e além dela. No ano passado quase 60 ambientalistas foram mortos no Brasil e outros tantos nos países vizinhos. E a devastação continua: em 2018, o desmatamento tanto da Floresta Amazônica quanto a do Cerrado aumentou 40%, só no nosso país. Até Julho do ano passado, a maior parte do desmatamento (62%) ocorreu em áreas privadas; o restante foi registrado em assentamentos de Reforma Agrária (19%), Unidades de Conservação (15%) e Terras Indígenas (4%).
Entre 2000 e 2017 o Brasil perdeu meio milhão de km2 de vegetação nativa. Já na Venezuela, o Governo liberou quase 115 mil km2 para exploração de minérios colocando em perigo não somente as comunidades indígenas como a própria biodiversidade. A Bolívia, a Colômbia e o Peru não ficaram atrás. Ao derrubarem a floresta nativa também destruíram o hábitat da rica fauna e flora sul-americana. Basta mencionar a quase extinção da emblemática arara-azul e a do maior felino da região: a onça-pintada.
Com a perspectiva de um 2019 mais quente do que todos os anos anteriores, a vida animal e vegetal sofrerá severas alterações. O aquecimento das águas dos oceanos gerará tempestades e chuvas mais intensas e destruirá os corais, que são o berço da vida marinha. Segundo um recente relatório da NASA, a Antártida, entre 2009 e 2017, perdeu cerca de 252 gigatoneladas de massa gelada por ano, o que significa 6 vezes mais do que nos anos anteriores. Como resultado, até o final do século, o nível do mar pode subir em 30 cm. inundando Miami, Buenos Aires e o Rio de Janeiro.
O maior problema do mundo, e da nossa região, hoje, é que há governantes que negam a crise climática e a da biodiversidade inspirados na demência de Trump. Por isso, para sobreviver, o melhor a fazer é manter viva a floresta de Chico Mendes.
Gaia Viverá!
(#Envolverde)