Clima

COP28: BNDES promete financiar a restauração de 24 milhões de hectares na Amazônia

Por Dal Marcondes, especial para a Synergia* – 

Utilizando recursos do Fundo Amazônia e do Fundo Clima, o BNDES vai apoiar a restauração de seis milhões de hectares de florestas até 2030 e mais 18 milhões de hectares entre 2031 e 2050.

O anúncio desse financiamento, no valor de R$ 1 bilhão, feito durante o final de semana na COP28, foi considerado um passo importante para ir além de frear o desmatamento na Amazônia brasileira, e começar um grande trabalho de recuperação de áreas já desmatadas e, muitas vezes, abandonadas e sem nenhuma atividade produtiva.

Serão beneficiados projetos de restauração ecológica voltados a Unidades de Conservação, Terras Indígenas e territórios de povos e comunidades tradicionais, áreas públicas não destinadas e Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) de assentamentos ou pequenas propriedades (de até quatro módulos fiscais).

A avaliação dos projetos será feita por um comitê formado por representantes do BNDES, dos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, dos Estados, e das organizações da sociedade civil integrantes do Comitê Orientador do Fundo Amazônia.

Segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, regenerar territórios degradados na Amazônia “é a reposta mais barata e mais rápida para a crise climática, vamos sequestrar e armazenar carbono, além de fortalecer os serviços ambientais da região”.

Amazônia sem pobreza

A economia da Amazônia também esteve presente no Painel Estratégias para a Amazônia sem Pobreza e Sustentável, que reuniu mulheres da Articulação Nacional de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, da Secretaria Estadual dos Povos Indígenas do Pará, representantes da ApexBrasil, o governador paraense Helder Barbalho, o presidente do Banco da Amazônia, Luiz Claudio Lessa, e a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

“Não basta apenas reduzir combustíveis fósseis, tem que esquecer também as hidrelétricas que matam nossos rios e alagam nossas casas. A Amazônia não aguenta mais”.

Auricélia Arapiun, que representa 14 povos indígenas presentes na COP 28

Tem de ouvir as comunidades

O diretor do Observatório do Clima, Marcio Astrini, reforçou, em reunião com o presidente Lula, a importância de ouvir as comunidades indígenas e quilombolas, principais atingidos pela crise climática e, ao mesmo tempo, os guardiões da floresta, que ajudam a preservar nossos biomas.

4/12 é Dia do Gênero na COP28

A emergência climática tem impacto desproporcional sobre populações vulneráveis, especialmente mulheres em situação de pobreza. Apesar dos desafios, as mulheres estão respondendo às alterações climáticas com o seu próprio conhecimento especializado e liderança em sustentabilidade.

O Dia do Gênero da COP28 busca garantir políticas inclusivas que reconheçam o papel das mulheres na promoção de comunidades resilientes e na ação climática eficaz, enfatizando a necessidade de melhorar a capacidade de resposta com acesso a recursos e financiamento climáticos. 

Transição energética democrática

O secretário-geral da ONU, António Guterres, quer criar um painel para garantir uma mudança equitativa para energias renováveis. Ele destaca que a saída do petróleo vai criar alta demanda por alguns minerais ligados a tecnologias de energias limpas, por isso alerta sobre a importância de se buscar diretrizes e um enfoque sustentável e justo na extração desses recursos.

Brasil é o Fóssil do Dia

O Brasil recebeu nesta segunda, 4, o prêmio Fóssil do Dia, promovido pela Climate Action Network (CAN). Segundo os organizadores, a premiação é por conta da adesão do país à OPEP+, anunciada com pompas pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante a COP28, em Dubai.

Programação voltada à agenda da saúde

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima dedicou um dia inteiro para assuntos voltados à agenda da saúde. No domingo, 3, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou a relação entre a exploração de energias fósseis e o aumento de doenças infecciosas, e até mesmo problemas de saúde mental, por conta de traumas após desastres e pela perda de comunidades e suas culturas.

Segundo estimativas da OMS, os desastres climáticos devem causar ao menos 250 mil mortes por ano entre 2030 e 2050, especialmente em idosos e crianças. As principais causas dos óbitos seriam a exposição ao calor extremo, malária, má nutrição, diarreia e doenças respiratórias decorrentes da poluição do ar. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

Bancos multilaterais são importantes para financiar a transição

Estudo desenvolvido pelo International Development Finance Club, mostra que os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD), como o BNDES e o BID, são essenciais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Nos últimos anos houve um avanço desses bancos em investimentos em pautas climáticas, saindo de US$ 57 bilhões no período de 2017-2018, para US$ 93 bilhões entre 2021 e 2022, de acordo com levantamento da Climate Policy Initiative, organização especializada em políticas públicas e finanças. 

Mesmo com esse aumento, ainda será necessário um incremento de quase 600% para que os países cumpram as promessas do Acordo de Paris, de 2015. Uma das orientações apontadas no estudo é aumentar o financiamento climático urbano. Estima-se que, entre 2015 e 2021, apenas 21% dos recursos destinados aos países de baixa e média rendas estavam voltados para projetos urbanos. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

Colômbia anuncia adesão ao fim dos combustíveis fósseis

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou apoio de seu país à Iniciativa pelo Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, durante seu pronunciamento na COP28. Segundo Petro, a Colômbia não vai assinar novos contratos de combustíveis fósseis. Com essa decisão, será o primeiro país da América Latina a assumir compromisso com a ideia de não abrir novas fontes de exploração. “Não significa que ficaremos sem petróleo, carvão e gás; já existem combustíveis em exploração e há muitos contratos em vigor. O que não queremos é que eles se expandam ainda mais”, explicou. (Synergia/Envolverde – Guilherme Loureiro)

Imagem de destaque: Fearless Collective

*Synergia Socioambiental e Envolverde na cobertura da COP28.