por Sucena Shkrada Resk* –
As incidências do indígena do Brasil e da estudante sueca são reconhecidas internacionalmente
Quando algumas vozes se amplificam no mundo e ganham mais vozes, é difícil não notar esta repercussão. Um dos resultados desse reconhecimento se deu nesta quarta-feira, 25/09. A Fundação Right Livelihood anunciou que Davi Kopenawa, líder indígena Yanomami, no Brasil, e a jovem ativista climática sueca Greta Thunberg foram dois dos quatro premiados da edição 2019 do concurso internacional que leva o mesmo nome da organização não governamental, e é conhecido como “prêmio nobel alternativo”. Concedido desde 1980, tem o objetivo de honrar e apoiar pessoas corajosas na solução de problemas globais. Até hoje já contemplou 174 pessoas de 70 países.
Foto: Survival International
Davi Kopenawa, em defesa da Amazônia
A justificativa para o reconhecimento de Kopenawa se deve à “sua corajosa determinação em proteger as florestas e a biodiversidade da Amazônia, como também as terras e a cultura de seus povos indígenas” – ressalta a ONG internacional. O líder indígena é cofundador e presidente da Hutukara Associação Yanomami, fundada em 2004.
Segundo os organizadores do prêmio, o papel de Kopenawa está sendo fundamental para a resistência à pressão de garimpeiros a fazendeiros e de outros interesses ilegais que destroem as terras e o sustento dos Yanomami, que hoje já são mais de 35 mil indígenas. Uma de suas contribuições importantes foi na luta para assegurar a demarcação das terras indígenas do seu povo, em 1992, de 96 mil km 2. Ao mesmo tempo, em função de seu ativismo, Kopenawa sofre pressão, com ameaças de morte.
Foto: Anders Hellberg
Greta Thunberg, a voz da juventude
O reconhecimento do ativismo climático da estudante sueca, de 16 anos, é por inspirar e amplificar demandas políticas por ação climática urgente que reflita fatos científicos. Sua maneira intransigente de falar a verdade ao poder ressoa com o público, segundo a Fundação Right Livelihood, ao conseguir colocar a crise climática não apenas na capa dos jornais, mas também no topo da mente das pessoas. A notoriedade que ganhou o movimento #FridaysForFuture (#SextasPeloFuturo), do qual é precursora, contagia milhares de pessoas pelo mundo e é um exemplo da inspiração que ela se tornou a diferentes gerações.
Os outros dois premiados foram Aminatou Haidar, pela firme ação não violenta, apesar de tortura e aprisionamento, na busca por justiça e autodeterminação dos povos do Saara Ocidental, e a chinesa Guo Jianmei, pelo pioneirismo e persistente trabalho em defender os direitos das mulheres na China.
Sobre a 350.org Brasil e a causa climática
A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.
Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima.
*Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil
(#Envolverde)