O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) — instituição financeira de fomento de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — pode acelerar a transição das nações emergentes para uma economia verde. Esta é a opinião de Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e subsecretário-geral da ONU.
Em entrevista concedida no sábado, 18 de abril, à Thais Lobo, do jornal O Globo, Steiner afirma ainda que considera relevante a preocupação de países emergentes sobre as barreiras comerciais que podem ser criadas numa economia verde, mas ressalta que os dois lados da equação precisam ser levados em conta na construção da política econômica.
“Eu diria que em muitos desses países a transição para uma economia verde tem se tornado cada vez mais uma parte importante do desenvolvimento nacional. Na China, o uso da tecnologia. Na África do Sul, a expansão da infraestrutura de novas energias. Pode-se assumir que a perspectiva de um novo banco de desenvolvimento vai refletir essas iniciativas. Haverá o financiamento de instituições, mas não serão empréstimos sob o paradigma do século 20 de desenvolvimento de infraestrutura, mas no paradigma do século 21”, destacou Steiner.
Para o chefe do Pnuma, muito da criação de um banco de investimento é estabelecer quais são as prioridades estratégicas e políticas para guiar esses investimentos, traduzindo-se num esforço operacional. “E, claro, a nossa expectativa é que, dada a importância dos elementos da economia verde no futuro, o banco vá se tornar um catalisador e, progressivamente, uma instituição de financiamento que vai permitir aos países fazerem contribuições para a economia verde de forma mais acelerada”, reforçou. A instituição financeira começa a operar em 1º de janeiro de 2016.
Fontes renováveis
Na concepção de Steiner, o acesso a novas tecnologias será crítico, seja para corporações ou para o mercado global, e também para os países do Brics. “Para que os membros do Brics sejam bem sucedidos num mercado competitivo e em rápida transição significa que investir na economia doméstica é fundamental. E, finalmente, investir em fontes renováveis, como na infraestrutura de energia solar, criando assim um indústria que mudou a cara do mercado de novas tecnologias ao redor do mundo em menos de dez anos. Sempre haverá riscos em qualquer regime de comércio internacional, mas também há vastas oportunidades”, apontou.
Sobre o Brasil, o chefe do Pnuma ressaltou que o País tem exemplos que demonstram que a economia verde não é algo que limita o crescimento econômico, ao contrário permite mais eficiência no desenvolvimento no futuro. “Acredito que o Brasil vai olhar para a sua economia financeira como um player chave para mobilizar o financiamento que é necessário para obter eficiência na infraestrutura, construção civil, transporte, assim como outras áreas da economia verde”, concluiu Achim Steiner. (EcoD/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site EcoD.