Cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é só um dos animais ameaçados de extinção encontrados em área de preservação.
Descrito pela primeira vez em 1842 por Peter Lund, naturalista tido como o pai da paleontologia no Brasil, o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é considerado uma das espécies mais raras da fauna brasileira. Tão rara que alguns especialistas consideram que dentro de 100 anos ele estará extinto no Cerrado. Os fatores determinantes para essa estimativa são a alta mortalidade causada por doenças e o abate feito por cães domésticos ou seres humanos.
Daí a importância de preservar áreas onde há registros da presença do cachorro-vinagre. Em Minas Gerais, a espécie foi vista há pouco tempo no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, no norte do Estado, e mais recentemente no município de Paracatu, noroeste do Estado, em uma área com mais de 5 mil hectares preservados, mantida pela mineradora Kinross.
O local é considerado rico ecologicamente. Prova disso é que a equipe de monitoramento de fauna já registrou a presença do outas espécies importantes, como tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), onça-parda (Puma concolor), gato-mourisco (Puma yagouaroundi), jaguatirica (Leopardus pardalis), lontra (Lontra longicaudis), anta (Tapirus terrestris), veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus) e cateto (Pecari tajacu).
“Essas espécies são componentes ecológicos muito importantes por atuarem no controle fitossanitário e ecológico das áreas, predarem roedores, aves, insetos, além de atuarem nos processos de dispersão de sementes e polinização de plantas, inclusive de arbustos e árvores de grande porte”, explica o biólogo Osmar Ferreira, Supervisor de Meio Ambiente da Kinross.
Muitos mamíferos silvestres estão na lista de animais ameaçados de extinção por vários fatores, todos relacionados à ação humana. Caça, desmatamentos e a presença de animais domésticos, como cães, gatos e gado, são algumas dessas ameaças. Osmar lembra que a presença de cães domésticos em todas as áreas estudadas de Paracatu é um grave problema que afeta os animais silvestres, especialmente espécies como o cachorro-vinagre, a raposinha-do-campo e o lobo-guará. “Os cães podem se tornar ou já se tornaram “ferais”, o que quer dizer que eles passaram a possuir hábitos de animais silvestres, inclusive predando outros mamíferos silvestres”, complementa o biólogo. Uma boa alternativa para evitar o problema, diz ele, é o controle de animais domésticos, que pode ser feito com o simples gesto dos proprietários alimentarem e oferecerem abrigo adequado aos animais. Outra alternativa seria a castração, para evitar a superpopulação.
Saiba mais sobre as espécies encontradas em Paracatu
Anta (T. terrestris): é considerada a jardineira das florestas por dispersar muitas sementes em grandes distâncias, contribuindo para manutenção das florestas.
Onça (P. concolor): junto com os demais felinos, apesar de algumas vezes serem considerados animais ameaçadores, preferem se alimentar de suas presas naturais, caçando seus próprios alimentos na natureza. O preconceito humano com relação a essas
espécies acaba prejudicando suas populações, gerando caça e perseguições, hábitos proibidos por lei no Brasil.
Tatu-canastra (P. maximus): ocorre principalmente em áreas naturais de grande extensão, como parques e outras unidades de conservação. Ele já foi registrado várias vezes nas áreas da Kinross em Paracatu, mostrando que graças à preservação realizada pela mineradora, a região é rica ecologicamente.
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