Por Juan Piva*
Um recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sugere que grande parte dos 8,5 milhões de jovens brasileiros de origem rural deseja construir projetos de futuro no campo. Contudo, para permanecerem lá, precisam lutar pelo acesso a direitos básicos de cidadãos, senão migram para as cidades.
A hipótese, que foi defendida no livro “Dimensões da Experiência Juvenil Brasileira e Novos Desafios às Políticas Públicas” (2016), pautou-se em duas principais observações acerca do mundo rural contemporâneo.
“A primeira refere-se às informações divulgadas pelo Censo Demográfico 2010, que dão indícios de que ocorreu, ao longo dos anos 2000, um aumento da permanência no campo. Justamente nessa década, importantes transformações econômicas e sociais ocorreram nas áreas rurais. É verdade que não afetaram o modelo hegemônico de desenvolvimento rural pautado pelo agronegócio, contudo parece inegável ressaltar o incremento da renda, com notável reflexo no padrão de consumo de bens duráveis, incluindo veículos automotores; melhoria nas condições de infraestrutura, com ampliação significativa do acesso à energia, à água, à telefonia e à internet; ampliação do acesso e da importância das políticas sociais, em especial as transferências de renda e a previdência social, que tem seu piso atrelado ao salário mínimo; crescimento do acesso a políticas produtivas, tais como reforma agrária, crédito, assistência técnica, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), entre outras”, informa a publicação.
Já “a segunda refere-se à proliferação de ações políticas de jovens em movimentos sociais rurais desde o início dos anos 2000. Na verdade, todos os principais movimentos sociais rurais vêm discutindo e propondo formas de organizar a juventude e de enfrentar questões centrais que envolvem ser jovem no campo brasileiro. Segundo Castro et al. (2009), especialmente a partir de 2006, ocorreu uma espécie de ebulição dessas iniciativas, culminando na consolidação de uma identidade política da juventude rural, que se apresenta como juventude camponesa ou juventude da agricultura familiar. Em comum, têm uma principal bandeira de luta: a permanência no campo”.
O Ipea ressalta que o estudo pretende dar visibilidade e voz à juventude rural organizada, de forma a reforçar o caráter estratégico dela no desenvolvimento do país, em um cenário de intensa disputa política por um modelo de desenvolvimento econômico mais inclusivo no campo.
“As entrevistas mostram que há uma porosidade entre as fronteiras, entre o rural e o urbano, e que não raro os jovens que migraram retornam para o campo. Logo, o êxodo não é um elemento definitivo, tampouco inexorável. A ação eficaz do Estado no campo das políticas públicas, somada ao processo de organização tocado pelos movimentos sociais, pode criar as condições necessárias para que mais jovens permaneçam no campo ou ainda que jovens que migraram para as cidades possam realizar o processo inverso, encontrando no campo todas as condições para o seu desenvolvimento”, conclui a pesquisa.
A Maestrello Consultoria Linguística também divulgou, neste ano, como atrair os jovens para a agricultura (leia no Blog da Maestrello). A empresa educacional de Nova Odessa (SP) trabalha em parceria com o Instituto de Zootecnia (IZ) no Projeto EduÁgua, que propõe a produção/conservação dos recursos hídricos por meio do Empreendedorismo Socioambiental. (#Envolverde)
* Juan Piva é graduado em Jornalismo, com especialização em Educação Ambiental e Políticas Públicas pela Esalq-USP. Iniciou sua trajetória na Comunicação Socioambiental como estagiário daOscip Barco Escola da Natureza; já como assessor de imprensa dessa organização, passou a apresentar programas de tevê e rádio, com a intenção de democratizar a informação ambiental. Hoje é colaborador da Maestrello Consultoria Linguística, onde dissemina o conhecimento para atender o interesse público, divulgando projetos educulturais e socioambientais. É coautor do livro-reportagem “Voluntariado ambiental: peça importante no quebra-cabeça da sustentabilidade”, promotor do Curso de Empreendedorismo Socioambiental, membro da Câmara Técnica de Educação Ambiental dos Comitês PCJ, jornalista responsável pelo Jornal +Notícias Ambientais e associado-fundador da Associação Mandacaru – Educação para Sustentabilidade.