Por Adair Loredo *
O Brasil está alicerçado em uma pseudo-república comandada por herdeiros da velha aristocracia. O que entendemos hoje como república foi um modelo tupiniquim construído para acomodar as regalias que os aristocratas mantinham desde a época do império de Dom Pedro, enriquecida com negociatas envolvendo poder, o patrimônio brasileiro e a manutenção das fazendas sob mão de obra de trabalhadores rurais em regime de semiescravidão e sem direito a voto eleitoral.
Esse modelo, num arranjo republicano malfeito, desenhado pela aristocracia, jamais teve cunho público ou voltado a atender os interesses do povo, uma vez que o Estado continua ignorando a participação efetiva do povo na condução democrática do país. Isso continua mais do que presente no Brasil atual.
A própria Constituição brasileira autorizou a Administração Pública – municipal, estadual e federal – a criar milhares de cargos de confianças destinados a acomodarem os amigos dos políticos que recebem de salário valores astronômicos que chegam até 15 mil reais por mês incluindo regalias como transporte, segurança, e planos de saúde de luxo.. Enquanto isso, aproximadamente 12 milhões de trabalhadores estão na fila a espera de trabalho, muitas vezes precarizado e com pagamento de salário mínimo.
A Corrupção, democracia e órgãos de controles estão hoje sob o vigor das práticas e interesses políticos, pessoais e privados, os mesmos que levaram o País ao seu mais delicado quadro de instabilidade institucional e a mais profunda crise dentro da história republicana brasileira. A prática golpista, de alijamento democrático, de sobreposição dos interesses pessoais ou de grupos econômicos e políticos aos interesses legítimos da sociedade – algo histórico na república brasileira – chegaram ao ápice no governo Temer.
Pesquisa Pulso Brasil de junho de 2017, realizada pela Ipsos, revela que a operação Lava Jato ganha cada vez mais a adesão dos brasileiros. Para 96% dos entrevistados, as investigações necessitam averiguar todos os partidos políticos e a mesma porcentagem acredita que a operação deve continuar até o fim, custe o que custar.
O estudo ainda assinala que 87% concordam que a operação vai fortalecer a democracia, enquanto 79% acreditam que a Lava Jato pode ajudar a transformar o Brasil num país mais sério. Além disso, os brasileiros são a favor da operação mesmo que traga mais instabilidade política ou econômica para o País, com 95% e 94%, respectivamente.
Uma verdadeira República se constrói com a participação efetiva do povo. O governante que pretende ficar rico com o dinheiro do povo acaba destruindo a sua Nação, constrói o caos, a miséria , a segregação e o sofrimento alheio. Explora seu próximo e o impõe uma condição indigna de vida e de sobrevivência. Pois um país de sucesso se faz com política pública para acomodar o pobre e o rico, indistintamente.
*Adair Loredo, advogado, escritor, mestre e doutorando na PUC em Ciências Sociais, diretor da Loredo Consultores. (#Envolverde)