Por Alessandra Luglio *
O mundo contemporâneo demanda uma emergencial reflexão no que diz respeito à nossas escolhas alimentares. Os alimentos que escolhemos para compor nossa alimentação, suas cadeias de produção, o modo e os locais de consumo, além da sua distribuição desbalanceada em diversas zonas do planeta, influenciam profundamente os mecanismos que regulam a nossa sociedade e a nossa época.
Associe a isso, um cenário paradoxal e com dados alarmantes sobre a saúde da população mundial: cerca de 30% dessa população está com sobrepeso ou é obesa, porém há quase 800 milhões que sofrem de fome e desnutrição. E, segundo a OMS, nos últimos 10 anos, a depressão teve um aumento de 18% e até 2030 será a doença mais comum no mundo. Some, ainda, a esses dados: um enorme desperdício de alimentos onde quase 1,3 bilhões de toneladas por ano são jogados no lixo; uma produção de alimentos insustentável que para se obter 1g de proteína animal utiliza-se 12g de proteínas vegetais, 400 litros de água para produzir 1 quilo de cereal e 4.000 litros para 1 quilo de carne, promovendo uma devastação ambiental e a escassez de recursos naturais que crescem de forma exponencial. O resultado é uma relação desconexa entre a saúde das pessoas e do planeta.
Todos esses paradoxos que envolvem as nossas escolhas alimentares desde o campo até a mesa têm atraído olhares, promovido discussões e reflexões cada vez mais frequentes. Esse tipo de análise tem ganhado força, gerando um movimento de empresas e consumidores em prol de uma alimentação saudável e eco consciente. O mercado de alimentos saudáveis não é apenas uma tendência, mas um novo posicionamento e relacionamento entre empresas e consumidores mais conscientes e engajados. A demanda por produtos e alimentos saudáveis, naturais, íntegros, orgânicos e, principalmente, por proteínas de origem vegetal tem aumentado nos últimos anos.
Esse novo consumidor é consciente. Suas escolhas vão além do paladar e do custo, optando por produtos e alimentos que promovam menor impacto ambiental, que tenham propósitos sociais e do ponto de vista nutricional sejam mais “limpos”, mais nutritivos e menos processados garantindo mais saúde para as pessoas e para o planeta. Um indicador dessa mudança é o aumento de vegetarianos e veganos ao redor do mundo. Segundo dados do IBOPE de 2012, no Brasil, 8% da população é de vegetarianos. Na Grã-Bretanha o número de veganos aumentou cerca de 360% ao longo da última década e nos Estados Unidos esse aumento foi de 600% nos últimos 3 anos.
Empresas como a Barilla mostram que existem soluções e que é possível oferecer produtos nutritivos e uma alimentação com qualidade, promovendo, ao mesmo tempo, um menor impacto ambiental. Pensando na sua responsabilidade diante da sociedade e do meio ambiente, foi criado o Barilla Center for Food & Nutrition (BCFN) que é uma fundação multidisciplinar independente que analisa os fatores econômicos, científicos, sociais e ambientais sobre alimentação.
No BCFN, diversos estudos e projetos são realizados e discutidos buscando alternativas para uma produção mais sustentável de alimentos, reduzindo o desperdício, a desigualdade na distribuição e o impacto provocado no meio ambiente. Podemos resumir esse projeto em uma frase: Bom para você e bom para o Planeta!
Um dos pilares do BCFN fortemente discutidos é sobre o desperdício de alimentos. Atualmente, a quantidade de comida jogada no lixo nas residências é alarmante. Nos países mais ricos, os resíduos alimentares vêm em sua maioria por parte do consumidor final, que joga no lixo até 40% do que compra, com consequências negativas para o meio ambiente e para a economia. Entre 2012 e 2015, o desperdício de alimentos aumentou em 7,5 milhões de toneladas. É uma situação preocupante e nada minimalista.
Refletir sobre o minimalismo na alimentação é fundamental. Atitudes como comer o necessário para atender as necessidades do nosso organismo e saciar a fome; comprar apenas os alimentos que serão consumidos ao longo da semana; valorizar alimentos locais, naturais, íntegros e orgânicos; priorizar os alimentos de origem vegetal e reduzir o consumo de alimentos processados e de origem animal. São pequenas atitudes, que somadas terão um impacto positivo na nossa saúde e do nosso Planeta. Pois os nossos corpos e nossas mentes requerem menos do que imaginamos. Ser minimalista é entender que apenas o necessário basta e que menos é mais!
Alessandra Luglio é nutricionista especialista em alimentação Plant Based, diretora do departamento de saúde e nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira e embaixadora no Brasil da Barilla Center for food and nutrition. Há anos estuda e participa de congressos e fóruns internacionais que discutem os paradoxos que correlacionam escolhas alimentares, acesso à comida, uso de recursos naturais, ética animal e a saúde e longevidade humana. ( #Envolverde)