Por Vinícius Lima Santos e Thiago Picolo, especial para a Envolverde –
Durante a Virada Sustentável 2017 em São Paulo batemos um papo com Leticia Sabino, fundadora e diretora do SampaPé!, uma organização sem fins lucrativos que encoraja aqueles que desejam caminhar mais pela cidade, seja promovendo passeios culturais ou convidando líderes e tomadores de decisão para caminhar na cidade com o intuito de expor as condições a que são submetidos os pedestres e criando grupos de estudo para refletir e informar sobre os temas urbanos. Leticia explicou os desafios e benefícios da caminhada e deu dicas para quem tiver interesse em incorporar mais a caminhada como maneira de viver a cidade.
O que te motivou a se envolver com a causa de defender e conscientizar sobre a caminhada urbana?
“Eu tive uma experiência durante um intercâmbio na Cidade do México onde eu precisei me deslocar mais a pé e melhorei minha relação com a cidade. Quando voltei para SP, percebi que não tinha essa relação com minha própria cidade, pois é quando você se desloca que estabelece contato com a diversidade e cria vínculos com pessoas novas. Por isso passei a me deslocar mais ativamente em São Paulo e, apesar de ser agradável, há muitos problemas, principalmente a falta de espaço ou o perigo de ser atropelado e que não existiam movimentos ou pessoas defendendo esse direito ou tentando alertar o poder público sobre isso. Me envolvi com essa causa por se um tema invisível até então.”
Outra questão importante é a falta de consciência das sociedades da caminhada como necessária para a saúde e o bem-estar. Você acredita que, nos últimos anos, tanto os líderes quanto os cidadãos têm desenvolvido essa consciência?
“Pode-se ver que as pessoas vêm criando essa consciência e tentando recuperar a caminhada em suas vidas, pois ela foi deixada de lado em detrimento de um modelo urbano rodoviarista, e devido a isso muitos problemas começaram a surgir, não só no Brasil mas no mundo. Mais casos de depressão, obesidade, problemas respiratórios e cardíacos, que são as duas maiores causas de mortes em São Paulo. Vivemos num momento onde as pessoas estão começando a refletir que esses problemas estão conectados a esse estilo de vida que prioriza a eficiência, chegar rápido aos compromissos e acarreta em pouco exercício. Lentamente as pessoas vêm reconhecendo que apenas uma mudança de hábito pode combater todos esses problemas.”
Quais dicas você pode dar para aqueles que querem mudar seus hábitos e incorporar a caminhada em suas vidas?
- Mude sua mentalidade: “É preciso encarar o fato de que, ao andar, seu ganho não vai ser um ganho de eficiência, então é importante mudar seu olhar com relação ao seu deslocamento e sua existência na cidade. Andar sem pressa, sair mais cedo para ter tempo de conversar caso encontre alguém no caminho e ter um olhar mais apreciativo com o ambiente ao seu redor são essenciais.”
- Redescubra seu bairro: “Para aqueles que querem começar, sempre aconselhamos a explorar o próprio bairro, para não correr o risco de se perder, e porque é muito transformador andar por um lugar que você achava que conhecia e descobrir novas construções e caminho que você nem sabia que existia.
- Altere suas rotas: “Muitas vezes, o trajeto que fazemos de carro não é propício para caminhar, então encontrar novas rotas para o trabalho, casa e outros lugares que você frequenta é o melhor a se fazer. Traçar novos caminhos que sejam melhores para a caminhada é o que realmente muda o hábito de vida.”
Leticia ainda convida a todos os interessados pela caminhada a entrar e contato com a SampaPé! e acessar seu material como ajuda para adotar a caminhada, como este mapa metroviário de São Paulo que indica quanto tempo se leva em média para andar de uma estacão a outra: