ODS10

Envolverde discute desigualdades e os caminhos para a mudança

Por Renata Juliotti* – 

Esta matéria faz parte do PEPE (Programa Envolverde de Parcerias Estudantis) 

As desigualdades que já marcavam a sociedade brasileira foram ainda mais expostas e intensificadas pela pandemia. Este cenário de grandes transformações, que nos leva a questionar os caminhos para a mudança, foi debatido na live desta sexta-feira (24), como parte da série “Diálogos Envolverde – Lives Semanais”.

Com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube e no Facebook, a convidada, vereadora pela Câmara de São Paulo Soninha Francine (Cidadania), conversou com os jornalistas Reinaldo Canto e, Dal Marcondes da Envolverde, sobre os problemas de desigualdade e os entraves para uma mudança efetiva na capital paulista.

Soninha também atua como professora, jornalista, escritora e palestrante. Em seu segundo mandato como vereadora, exerce um importante papel como defensora dos direitos de grupos minoritários, desenvolvendo projetos que abrangem desde pessoas em situação de extrema vulnerabilidade a intervenções de apoio à comunidade LGBTQI+.

A primeira parte da discussão girou em torno das desigualdades que estão sendo evidenciadas  pela pandemia da Covid-19, com destaque à realidade das pessoas que já se encontravam em cenários de maior vulnerabilidade, como a população em situação de rua, os milhões de brasileiros vivendo na pobreza e na extrema pobreza, e o desemprego,  principalmente de trabalhadores informais, impactados pelo vírus ou pelo isolamento obrigatório e necessário.

Diante desse cenário, Soninha, que já foi Subprefeita da Lapa e possui ampla experiência na assistência à população mais carente, explicou como as medidas públicas podem assistir a essa população que já carrega um “fardo” de miséria e carência por parte do Estado.

De acordo com a vereadora, o Estado tem esse papel crucial, de olhar para essa população, as minorias, pois no nível municipal ele possui mecanismos para essa intervenção. Essa população, apenas pelo fato de estar na periferia, longe do centro da cidade, já se encontra em desigualdade.

“Nós não fazemos essa associação direta entre política urbana, pobreza e miséria. A gente fala muito em assistência social, transferência de renda, acesso a emprego, mas a distribuição no solo da cidade é decisivo para manter as pessoas que estão em situação de pobreza, dependência e de carência, mesmo quando elas têm emprego ou renda”, afirma.

Soninha continuou ressaltando a necessidade de uma intervenção urbanística, que só poderá ocorrer a partir da reivindicação da população, de uma “massa crítica”, como descreve a vereadora.

Em um segundo momento, o jornalista Reinaldo Canto questionou a vereadora de São Paulo sobre os direitos das minorias e o ataque às pessoas, notoriamente nos últimos dois anos, com o surgimento de uma onda reacionária, agora potencializada pela pandemia.

Ainda no contexto de mudanças, ela afirmou que é preciso mudar os paradigmas urbanos por meio do Legislativo e menciona que, neste momento de crise, a Câmara paulistana se atentou mais para o atendimento emergencial à população. “A Câmara se voltou para a emergência de um jeito incrivelmente solidário”, relata.

Em resposta à indagação dos mediadores sobre os obstáculos impostos pela burocracia e a lógica de criação de medidas e políticas no Brasil, a vereadora enfatizou o quanto esse sistema enraizado no país atrapalha os processos públicos. “Quem dera fosse apenas uma questão de vontade política”.

Soninha também critica a “espetacularização” da mídia e a ausência de uma apuração mais eficaz e ética. Na sua opinião, o tratamento negativo da imprensa para os fatos, procurando sempre um “culpado” para os acontecimentos, por vezes, pode ser prejudicial para a formação da opinião pública.

Sobre o surgimento de novas lideranças, novas propostas políticas, a convidada declarou que ainda na infância já gostava da área. Mas foi com seu trabalho com ONGs, na assistência social e até mesmo como jornalista, que surgiu a motivação para ingressar no meio político em busca de mudança. “O que me levou a ser vereadora foi a frustração. Estamos vendo pessoas que eram engajadas a vida inteira e que agora entraram no institucional para a mudança”, diz.

Para acompanhar a conversa na íntegra com a vereadora Soninha Francine, acesse o canal Envolverde Oficial no Youtube ou @envolverde no Facebook.

*Renata Juliotti é jornalista e mestranda do PósCom/UMESP e pesquisadora do grupo de pesquisa Jornalismo Humanitário e Media Interventions (HumanizaCom), apoiado pela Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação.

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