ODS16

Cinco barragens vizinhas a Córrego do Feijão não têm sirene nem plano de evacuação

Por Brasil de Fato – 

Empresa Mineração Ibirité Ltda. (MIB) possui cinco empreendimentos com rejeitos a 800 metros da comunidade

Moradores de Brumadinho (MG) manifestaram preocupação com as condições da mineradora da empresa Mineração Ibirité Ltda. (MIB). A mineradora está instalada em Córrego do Feijão, área atingida pelo crime socioambiental de 25 de janeiro, quando uma barragem da Vale se rompeu e causou a morte de 166 pessoas. A MIB possui cinco barragens de rejeitos sem sirenes de emergência a 800 metros da comunidade de Córrego de Feijão e, segundo os moradores, não apresentou à comunidade um plano de evacuação em caso de rompimento.

As atividades da MIB estão paralisadas a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), já que a área de atividade de mineração da MIB fica próxima ao local do rompimento da barragem da Vale. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) determinou que a MIB adote medidas para impedir “todo e qualquer carreamento de sedimentos para os Córregos do Feijão e Samambaia”.

Além de temer pela falta de plano diante de um possível rompimento de alguma das barragens da MIB, os moradores sofrem os impactos do funcionamento cotidiano da mineradora. Segundo Rejane e Ricardo Morais, casal que mora ao lado da mineradora, os transtornos causados pela MIB começaram em 2008. “Estamos há mais de dez anos sofrendo com os barulhos dos explosivos e falta de energia, a poeira do minério e rachaduras na estrutura. Nossa casa está sustentada por duas pilastras de madeira”, denunciam.

Em 2017, o TJ-MG determinou que a mineradora deixasse de fazer desmontes explosivos. O método utilizado pela mineradora provoca vibrações que poderiam causar danos às estruturas das barragens.

A reportagem entrou em contato com o MIB para conhecer o posicionamento da empresa sobre as denúncias, mas não obteve resposta.

Modelo de alto risco

Há dois métodos básicos na construção de barragens: os alteamentos à jusante e à montante. Em entrevista recente ao Brasil de Fato, Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explicou o que causa instabilidade no segundo modelo – usado pela Vale e pela MIB. “A barragem à montante é construída em direção aos rejeitos. À medida que a barragem vai se tornando mais alta, fazendo os subsequentes alteamentos, os ‘degraus’ que vemos, ela tem uma inclinação, subindo sobre o rejeito. Chega um momento em que se faz a barragem sobre o próprio rejeito, um material, pelo seu teor de água, que não é muito estável”, disse.

Milanez também apontou que, nas barragens à jusante, os níveis são construídos na direção oposta aos rejeitos e utilizam como base o solo compactado. Esse elemento em que se fundam as barragens, tecnicamente chamado de “material de empréstimo”, torna a barragem à jusante mais cara.

É essa diferença de custos que explica a opção das mineradoras privadas pelo método de alteamento à montante, apesar do alto risco aos moradores.

*Com informações do MAB

Edição: Mauro Ramos

(#Envolverde)