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“Êxito da Rio+20 depende de participação juvenil”

Ivana Savic, à esquerda, e Kiara Worth, do Major Group for Children and Youth. Foto: Aline Jenckel/IPS

Nova York, Estados Unidos, 4/5/2012 – Em preparação para a cúpula sobre desenvolvimento sustentável de junho no Rio de Janeiro, inúmeras organizações com variados interesses trabalham incansavelmente para garantir que sejam cumpridos os objetivos desejados. O Major Group for Children and Youth, que está entre elas, considera fundamental a participação de jovens para o êxito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá de 20 a 22 do mês que vem. As coordenadoras da organização, Ivana Savic e Kiara Worth, se mostram otimistas sobre o desenvolvimento e os resultados deste encontro mundial.

“Haverá uma renovação da vontade política, e gostaríamos que os jovens fossem reconhecidos no documento oficial”, declarou Worth, acrescentando que “embora tenha grandes expectativas, outro assunto é se conseguirão, ou não”. Na entrevista à IPS, afirmou que “não se trata apenas de uma questão de políticas, de diálogo ou declarações oficiais. Trata-se de criar a energia e o senso de urgência e de habilidade para avançar”. Também espera que haja diferentes fóruns que sirvam de inspiração, habilitem e motivem os jovens a participarem das associações.

O rascunho zero do documento final da Rio+20 está em discussão desde 30 de abril, e está hoje no chamado terceiro período de negociações, que tem como sede a Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. A IPS conversou com Savic e Worth sobre o trabalho de sua organização e as esperanças postas na cúpula, bem como nas negociações prévias.

IPS: Quais os principais temas que preocupam o Major Group for Children and Youth?

Ivana Savic: Estas negociações, como a própria cúpula Rio+20, devem conseguir adotar um enfoque de desenvolvimento sustentável baseado nos direitos humanos para que estes temas tenham um lugar preponderante no documento final.

Kiara Worth: Entre os temas da cúpula, há diferentes aspectos que defendemos particularmente. Em matéria de economia verde, promovemos a agricultura sustentável, bem como o emprego de jovens para passar da busca à geração de trabalho. Também defendemos que se reflita mais sobre a criação de uma economia azul e a proteção da água. No tocante ao contexto institucional do desenvolvimento sustentável, defendemos a criação da figura do defensor público para que as futuras gerações tenham garantido um alto grau de participação juvenil nos processos globais.

IPS: Quais as contribuições de sua organização para a Rio+20?

KW: As duas principais serão em matéria de políticas e a inspiração e a motivação dos jovens ativistas. Atualmente, estamos concentrados em diferentes grupos de trabalho, nos quais as pessoas podem participar. Procuramos atender jovens com diferentes interesses, habilidades e capacidades, e criar um espaço para que possam se reunir e compartilhar suas ideias. Geramos estímulo e um movimento social que inspire e reative o espírito do Rio.

IPS: Como conseguem fazer as pessoas se interessarem em aprender mais sobre desenvolvimento sustentável, e como, em seguida, as convencem a agir?

KW: Há pouco lançamos uma estratégia de meios sociais, pois enquanto jovens temos uma oportunidade única de aumentar o alcance de nossa mensagem por meio das novas plataformas e de diferentes ferramentas. A estratégia nos permite utilizar as diferentes plataformas para, primeiro, criar consciência, informar as pessoas sobre os temas de discussão, sobre desenvolvimento sustentável e os temas que nos ocupam. Em segundo lugar, depois que a pessoa adquiriu conhecimentos sobre o assunto, construímos capacidades e lhes damos ferramentas para que passem à ação. Isto gera um movimento em dois sentidos complementares. As ações locais consideram as perspectivas locais, tomando em conta as diferentes habilidades das pessoas e seus diversos interesses. As pessoas se tornam muito mais efetivas.

IS: Também garantimos que seja acessível para as pessoas que têm menos oportunidade de participar. Mesmo não participando fisicamente, na sede da ONU ou no Rio de Janeiro, por exemplo, também podem incidir no processo porque temos a tecnologia e a capacidade para levar suas perspectivas à mesa de negociações e atender esses assuntos.

IPS: Quais expectativas têm a respeito do resultado da Conferência e os compromissos que os governos assumirão?

IS: Espero que nos distanciemos do desenvolvimento materialista e optemos por um mais humano, voltado ao bem-estar, e que considere os direitos humanos, o crescimento econômico e também o respeito que devemos ao nosso meio ambiente. Outro resultado importante da Rio+20 será formar alianças entre sociedades civis e governos. A falta de colaboração entre ambos foi obstáculo para o cumprimento de acordos e compromissos no passado. Envolverde/IPS