América Latina e Caribe alcançam maior progresso mundial na redução da fome, avalia FAO

Crianças recebem refeições quentes em Chigorodo, Urabá, na Colômbia. Foto: ACNUR/P. Smith
Crianças recebem refeições quentes em Chigorodo, Urabá, na Colômbia. Foto: ACNUR/P. Smith

A América Latina e o Caribe reduziram pela metade, em 20 anos, a porcentagem de pessoas afetadas pela fome. Este é o maior avanço global para alcançar o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), mostra a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

A redução da fome e da desnutrição crônica entre as crianças na América Latina e no Caribe se deve principalmente às políticas públicas bem-sucedidas implementadas pelos Governos da região. A afirmação é do relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2013”, divulgado nesta terça-feira (3).

O estudo afirma que Argentina, Barbados, Chile, Cuba, Dominica, México, São Vicente e Granadinas e Venezuela já erradicaram a fome. Brasil, Colômbia, Guiana, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru e República Dominicana alcançaram o primeiro ODM – reduzir a fome pela metade – dois anos antes do prazo, que é 2015.

O documento informa que o indicador regional sobre a desnutrição em crianças menores de 5 anos de idade caiu de 13,8 milhões, em 1990, para aproximadamente 6,9 milhões de crianças, em 2012, embora ainda afete 12,8% de todas as crianças na América Latina e no Caribe.

Também registra que o excesso de peso afeta 23% dos adultos e 7% das crianças em idade pré-escolar. O excesso de peso na infância aumentou em 13 países, sendo Argentina, Peru e Chile são os mais afetados, com 9,9%, 9,8% e 9,5%, respectivamente. Cerca de 3,8 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de obesidade.

Políticas que fazem a diferença

O Panorama destaca o sucesso da “dupla abordagem” implementada pelos países e promovida pela FAO em todo o mundo. Medidas imediatas que incluem programas de transferência condicionada de renda. Em andamento em 21 países da região, esses programas apoiam mais de 113 milhões de pessoas, cerca de 20% da população regional.

Também fizeram diferença as políticas e programas que apoiam a agricultura familiar em sua fase de produção e inserção em mercados locais e internacionais, favorecendo a disponibilidade de alimentos saudáveis que estão profundamente ligados à cultura local; além da expansão de programas de alimentação escolar, que cobrem mais de 67 milhões de crianças – até 89% dos estudantes na Bolívia, 95% na Guatemala e 100% na Nicarágua.

O Panorama afirma que políticas estruturais destinadas a melhorar o mercado de trabalho rural e a promoção do trabalho decente, reduzindo o trabalho precário e aumentando o salário mínimo, podem ter um enorme impacto nos locais onde a insegurança alimentar e a pobreza são mais persistentes, geralmente em áreas rurais.

* Publicado originalmente no site ONU Brasil.