COP19: A verdadeira partida que se jogará de agora em diante

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Varsóvia, Polônia – Depois de muitos dias e, algumas vezes, também noites de tratativas, a primeira primeira da Conferência ONU sobre mudanças climáticas chega ao final. Na manhã de domingo, os cientistas fizeram as malas, deixando espaço ao debate político sobre os documentos elaborados. Antes da partida, conseguimos recolher algumas opiniões.

Muitos delegados se disseram frustrados pelas baixas e, de qualquer forma, reduzidas ambições. Os temas mais prejudicados são aqueles relativos aos projetos de mitigação, como a diminuição da produção de CO2 em nível mundial ou a preservação das florestas. Um delegado nos confessou: “Deveríamos ir mais longe e de forma mais rápida, mas a impressão é de que estamos andando para trás”.

Ao mesmo tempo, na cidade, a pressão se eleva. No sábado, uma manifestação de mil e duzentos jovens percorreu as ruas de Varsóvia em favor de uma mudança nas políticas ambientais. “We want system change, not climate change”, era o slogan. Já hoje, 18 de novembro, fora do Ministério da Economia polaco, desde as primeiras horas da manhã se reuniram muitos jovens para um protesto pacífico. Dentro do prédio acontece a International Coal & Climate Summit, que reúne todos os maiores produtores de carbono do mundo. O objetivo deste encontro foi unir os vários produtores para enfrentar os desafios impostos ao setor pelas mudanças climáticas. Em outras palavras, criar ações de lobbying e advocacy coordenadas, para permitir às empresas que continuem a trabalhar e ganhar lucros astronômicos sem entraves políticos ou burocráticos.

O governo polaco deu forte apoio a esta conferência. A delegação anfitriã, justamente por isso, se encontra no fogo cruzado entre sociedade civil e União Europeia, que demonstra grande irritação diante da resistência polonesa na busca de um acordo mais ambicioso. Agora veremos se essas pressões nos levarão a uma mudança de rota.

No interior do estádio nacional, onde acontecem as negociações oficiais, as nuvens cinza não parecem se dissipar. A Austrália do novo premier Tony Abbot continua a liderar a intransigente oposição a todo tipo de compromisso financeiro com os países menos desenvolvidos. Outras notícias, certamente não cor-de-rosa, vêm do Brasil, que parecia ser, na realidade, uma das delegações mais dispostas a trabalhar em busca de um acordo. Segundo dados de satélite, o desmatamento na Amazônia aumentou em 28% no período de apenas um ano. O dado é muito alarmante, porque as ambições de mitigação do clima partem também da conservação das áreas que mais absorvem o gás carbônico emitido. A chefe da delegação brasileira informou que, assim que voltar ao país, estudará a possibilidade de combater esta situação, em um trabalho coordenado com as comunidades locais.

Enquanto isso, na plenária desta manhã, foi apresentado o rascunho escrito para a Durban Platform. Trata-se do texto base sobre o qual de desenvolverão as negociações políticas nesta segunda semana.

Não podemos dizer, certamente, que a semana que passou foi brilhante em notícias positivas, ainda se, como recordam muitos delegados, “isso que vimos foi apenas o aquecimento; a verdadeira partida se jogará agora.”

* Umberto Pessot é repórter da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação, que pretende levar propostas da juventude para serem contempladas pelos negociadores brasileiros durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP19).

** Para acompanhar a cobertura jovem da COP19 acesse também:  www.agenciajovem.org e www.redmasvos.org. Os conteúdos serão produzidos em português, espanhol e italiano.