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Idosos, uma contribuição, mais do que um peso

Tóquio, Japão, 3/10/2012 – Acredita-se que a pobreza, a demência e a solidão são problemas que inexoravelmente as sociedades que envelhecem enfrentarão. Porém, este não é um axioma. Com maior apoio estatal, os idosos podem dar uma importante contribuição para sua comunidade. “A longevidade é um triunfo do desenvolvimento”, disse à IPS o diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Babatunde Osotimehin. Os idosos podem dar uma contribuição social e econômica à sociedade, afirmou. “Aproveitar essa contribuição será muito importante”, acrescentou.

O estudo Envelhecer no Século 21: uma Celebração e um Desafio, publicado pelo UNFPA e pela HelpAge International, afirma que a terceira idade pode ser motivo de celebração se as pessoas gozarem de segurança econômica e social. O envelhecimento da população já não é um fenômeno dos países ricos, observou Osotimehin. Em 2050, quase 80% dos idosos viverão nos países em desenvolvimento; serão cerca de dois bilhões de pessoas que representarão 22% da população mundial. Em 2000, já havia mais pessoas acima de 60 anos do que crianças com menos de cinco anos.

O Japão é o país com mais idosos: 30% de seus 123 milhões de habitantes têm mais de 60 anos. Este fenômeno supõe uma carga econômica e social para o país. No entanto, o diretor-geral da HelpAge International, Richard Blewitt, afirmou que isto é motivo de celebração, porque demonstra que este país investiu muito em promover a expectativa de vida e oferecer aos seus cidadãos melhor acesso a saúde e segurança econômica. “Muito bem, Japão. Os idosos estão ativos em muitos sentidos. Devemos repensar o valor da terceira idade”, destacou Blewitt à IPS.

Porém, este país tem muitos problemas com este setor da população. Mais da metade dos idosos japoneses vive sozinha, três milhões sofrem demência e cada vez mais são vítimas de abusos, especialmente mulheres. Diante disto, o governo desenvolveu avançados sistemas de atenção a pessoas com demência. O Japão conta com amplos programas para idosos, com unidades móveis que visitam as comunidades. Vários especialistas elogiaram o novo estudo do UNFPA e destacaram que a decisão de lançá-lo no Japão fortalece o status dos idosos e ressalta a necessidade de se concentrar na atenção deste setor da população em nível internacional.

“O estudo se concentra em repensar o envelhecimento como um assunto de escala internacional”, disse Junko Fukazawa, de 64 anos e fornecedora de cuidados, em um simpósio sobre este tema realizado no lançamento do informe do UNFPA. “É um marco no Japão, onde os especialistas se esforçam para tirar o tema do âmbito familiar e convertê-lo em um fenômeno social”, acrescentou. Fukazawa contou que seu pai morreu no mês passado em uma casa para idosos. Ela teve que levá-lo para lá para poder continuar com sua carreira. Na geração de sua mãe, o cuidado com os idosos era responsabilidade exclusiva das mulheres, explicou.

Osotimehin disse que é hora de ressaltar a importância do envelhecimento na agenda de desenvolvimento internacional após décadas ignorando um dos assuntos globais mais importantes. Pediu a inclusão da atenção aos idosos nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e aumento da ajuda para pesquisas e coletas de dados.

O informe do UNFPA destaca como cerca de 60 mil pessoas com mais de 60 anos realizaram uma campanha em 61 países com o lema Age Demands Action (Idosos Demandam Ação). A iniciativa lançada por ocasião do Dia Internacional do Idoso, celebrado no dia 1º, exorta os governos e a comunidade mundial a atenderem os direitos, as preocupações e as necessidades desse setor da população. As opiniões de 1.200 idosos de diferentes países que constam do estudo do UNFPA mostra seu desejo de desempenhar um papel ativo na sociedade. Envolverde/IPS