O novo líder empresarial, a sustentabilidade e a inovação

Ademar Bueno, coordenador do Laboratório de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade, da FGV, conta, em entrevista à equipe da Envolverde, como mudar paradigmas e formar esse gestor capacitado para trabalhar sob a ótica da inovação e da sustentabilidade.

A construção da economia verde passa, necessariamente, pela atuação empresarial. Para isso, os líderes devem tratar a sustentabilidade como fator estratégico de gestão, mas como mudar paradigmas e formar esse gestor capacitado a trabalhar sob essa nova ótica? O coordenador do LabIES (Laboratório de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade), da Fundação Getulio Vargas (FGV), professor Ademar Bueno, conta sobre a experiência que já está sendo colocada em prática na FGV e como essa iniciativa poderá colaborar para solucionar essa questão. Ele relata ainda as vantagens da cooperação internacional na formação desse novo líder empresarial, moldado com base na sustentabilidade. Confira a entrevista.

O LabIES, coordenado pelo senhor, foi lançado durante o encerramento do EIMA 8. Qual é a relação entre o LabIES e a realização do evento na FGV?

O LabIES – que surge de uma parceria entre a Escola de Economia da FGV e o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), do Rio de Janeiro, associado a outras duas escolas, Administração e Direito – foi o parceiro da Fundação Conama aqui no Brasil para a realização do EIMA 8. O Laboratório foi lançado no evento, mas suas atividades já tiveram início antes, seja com cursos sobre sustentabilidade já em andamento com empresas espanholas, seja com o desenvolvimento de programas.

A partir de agora qual será o relacionamento entre o LabIES e a Fundação Conama, realizadora do EIMA 8? De que maneira isso pode beneficiar os universitários da FGV?

Nosso relacionamento será muito importante para o desenvolvimento de cooperação internacional entre o Brasil e não apenas Espanha, mas diversos outros ibero-americanos e até europeus. Estamos ampliando um modelo que já ocorre na FGV, onde empresas são laboratórios de formação para nossos alunos, e a Fundação Conama pode ampliar esse leque de opções de organizações para esse fim. Não consigo mais imaginar um modelo de formação em negócios onde as organizações são apenas contratantes de alunos formados por faculdades/universidades. Se queremos realmente mudar o modelo de gestão atual para um no qual a sustentabilidade seja um vetor estratégico, temos que unir esforços e trabalhar juntos desde o início. Creio que o LabIES pode desempenhar esse papel e atrair outras universidades para esse modelo.

Quais são os objetivos do LabIES, em médio e longo prazos, com relação à construção da mentalidade dos futuros líderes na direção de uma gestão sustentável nas empresas?

O LabIES atuará dentro das premissas de uma universidade (ensino, pesquisa e extensão), porém, queremos ir além e trazer a cooperação internacional para esse modelo. Outra ação importante é a de ter o aluno de graduação como um ator importante em nossas atividades, seja como pesquisador, participante de diversos cursos e atividades inovadoras, ou até mesmo atuando em conjunto com alunos de outros países, no desenvolvimento de projetos práticos, não apenas fazendo intercâmbio acadêmico. Para tanto, se faz importante a parceria com as empresas, não apenas como financiadoras de projetos, mas também como parte do processo de aprendizagem, para os alunos e para elas mesmas. Temos experiências bem-sucedidas na FGV, nas quais as empresas demonstram aprender algo novo quando envolvidas nesses processos inovadores de aprendizagem.

O presidente da Fundação Conama afirmou, no encerramento do EIMA 8, que hoje a Fundação é uma grande “embaixadora” do nome da FGV. Como começou essa interação e o que o senhor acredita que ela poderá trazer como resultados daqui para frente?

Essa interação se iniciou no Conama 10, em Madri, no ano passado. Como participante convidado, percebi a oportunidade de criar uma aliança entre o LabIES, na época em processo de formação, e a Fundação Conama, para cooperação internacional entre nossas organizações e todos os parceiros que podemos trazer para essa proposta. Vislumbro um futuro promissor para esse “casamento”, pois estamos todos comprometidos com o desenvolvimento de um novo modelo econômico para a sustentabilidade, não apenas para empresas como também para governos e organizações sociais. A FGV, por sua expertise e tradição na formação de atores de negócios no Brasil, e a Fundação Conama, com suas ramificações na Europa e outros países, podem, juntas, criar oportunidades de formação de modelos e de culturas necessárias para o futuro diferente que devemos criar.