Países mais ricos estão reduzindo emissões muito lentamente

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OCDE admite que seus membros não estão conseguindo evitar as mudanças climáticas, apesar de seus esforços para conter a poluição.

Os países mais ricos do mundo tiveram algum progresso desde os anos 1990 em limitar os danos ambientais. Mas eles não fizeram o suficiente para evitar mudanças climáticas que podem ser catastróficas, de acordo com um relatório da OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Cientistas dizem que as emissões de dióxido de carbono precisam começar a baixar na próxima década para evitar que as temperaturas globais atinjam níveis perigosos. Mas a OCDE prevê que os níveis de dióxido de carbono continuarão a aumentar, e até 2050 serão 50% mais altos do que hoje.

Os 34 países da OCDE são em sua maioria economias maduras, que nos anos 1970 produziram bem mais do que metade das emissões de CO2 do mundo em suas fábricas e no transporte.

Agora, a participação da OCDE nas emissões mundiais totais caiu para 30%, mas apenas por causa do grande aumento no uso de energia na China e em outros países de alto crescimento, como Brasil, Rússia, Índia, Indonésia e África do Sul. Esses agora são responsáveis por 40% das emissões globais.

Mais veículos

Há algumas boas notícias no relatório. Alguns países da OCDE tanto aumentaram sua produção quanto reduziram as emissões de CO2, implementando renováveis e eficiência energética.

O problema para os que não conseguiram fazer isso parece ser político, com países como a Austrália e o Canadá, que repudiaram o Protocolo de Quioto, aparentemente também abandonando a maioria das políticas para combater as mudanças climáticas.

O relatório, Meio Ambiente em um Piscar de Olhos 2013 (Environment at a Glance 2013), afirma que, em média, houve progresso. Desde 1990 houve uma queda de 25% na quantidade de energia exigida para produzir uma unidade de produção nos países-membros, mas isso é muito aquém do que é necessário para salvaguardar o planeta.

O relatório, que analisa os esforços dos membros da OCDE para combater as mudanças climáticas através da redução do uso de combustíveis fósseis, afirma que o mix global de energia pouco mudou em 20 anos. Ainda há uma dependência de 80% em combustíveis fósseis, embora tenha havido muita substituição do carvão para o gás, o que realmente reduz emissões.

As energias renováveis ainda são apenas 9% do total de fornecimento de energia. Outro problema é a crescente demanda por transporte. Motores menores e mais eficientes não estão conseguindo compensar um aumento de 17% no número de veículos.

Rejeitando Quioto

O principal fator político para reduzir as emissões desde 1997 tem sido o Protocolo de Quioto. Países que fizeram promessas para reduzir emissões, principalmente os da União Europeia, foram os que fizeram mais progresso.

Isso é devido parcialmente à recessão econômica e à exportação de indústrias sujas para a China e outros países em desenvolvimento, mas medidas nacionais de eficiência e a substituição para renováveis ajudaram.

Entre os países com pior desempenho estão aqueles que fizeram promessas sob o Protocolo de Quioto, e posteriormente as abandonaram por razões políticas – os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália.

Os quatro principais países na tabela de emissões per capita (a quantidade de CO2 emitida por cada pessoa em um país) têm a Austrália na liderança e Luxemburgo em segundo, seguidos pelos Estados Unidos e o Canadá.

Nota positiva

Luxemburgo faz parte da lista apenas por causa de seus baixos impostos de combustível, o que significa que motoristas de países vizinhos enchem seus tanques em suas bombas e então voltam pelas fronteiras.

A Austrália depende fortemente da queima de carvão para suprir sua indústria e também exportar grandes quantidades de carvão para a China. O novo governo virou as costas para os esforços internacionais de combater as mudanças climáticas no último ano. O Canadá tinha anteriormente feito o mesmo, decidindo explorar suas areias betuminosas para a produção de petróleo, envolvendo um alto uso de energia.

Os Estados Unidos têm altas emissões de carbono per capita por causa do estilo de vida consumista de seus cidadãos e de um lobby Republicano poderoso, que apoia a indústria de combustíveis fósseis e bloqueia qualquer tentativa de combater as mudanças climáticas.

O que a OCDE chama de “uma nota positiva” é que seus membros reduziram as emissões de óxidos de enxofre em 69% desde 1990, e de óxido de nitrogênio em 36% no mesmo período.

Óxidos de enxofre, em várias formas, são uma grande causa de chuva ácida e um potente gás do efeito estufa. Óxidos de nitrogênio também são um contribuinte para as mudanças climáticas e para o ozônio na baixa atmosfera, o que prejudica plantas e construções e irrita os pulmões humanos.

Essa redução tem sido possível por causa de ações políticas, mostrando que não é a falta de tecnologia que evita que o mundo combata as mudanças climáticas, mas sim a falta de vontade e de legislação.

* Traduzido por Jéssica Lipinski.

** Publicado originalmente no Climate News Network (inglês) e retirado do site CarbonoBrasil.