Preços dos alimentos vão dobrar até 2030, prevê ONG britânica

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Um dos principais alimentos do mundo, trigo também está na rota dos reajustes.
Os preços de alimentos básicos devem mais do que dobrar em 20 anos, a não ser que líderes mundiais promovam reformas, alertou na segunda-feira, 30 de maio, a organização não governamental (ONG) britânica Oxfam. Até 2030, o custo médio de colheitas consideradas chave para a alimentação da população global vai aumentar entre 120% e 180%, prevê a ONG em seu relatório Growing a Better Future (Plantando um Futuro Melhor).

Metade desse aumento de custos deverá ser creditada as mudanças climáticas. Sendo assim, para a Oxfam, é preciso que os líderes globais trabalhem tanto para regular os mercados de commodities como para a criação de um fundo climático global.

“O sistema [de negociação] de alimentos deve ser revisto se quisermos superar os crescentes desafios relacionados as mudanças climáticas, aumentos no preço da comida e falta de terras, água e energia”, destacou à BBC Brasil Barbara Stocking, executiva chefe da Oxfam.

O Banco Mundial também advertiu que o aumento nos preços dos alimentos está levando milhões de pessoas para a pobreza extrema. Em abril, a instituição informou que os custos dos alimentos haviam aumentado 36% em um ano, em parte devido aos distúrbios no Oriente Médio e no Norte da África.

Para a Oxfam, é preciso que haja mais “transparência” nos mercados de commodities e regulamentação de mercados futuros; um aumento de estoques de alimentos; o fim das políticas que promovam biocombustíveis [por supostamente ocupar terras que poderiam servir para a agricultura]; e investimentos em cultivos familiares, em especial os comandados por mulheres.

Insegurança alimentar

No relatório, a ONG ressalta quatro áreas de alta insegurança alimentar – locais onde já existem dificuldades para alimentar os habitantes. O primeiro deles é a Guatemala, onde 850 mil pessoas são afetadas pela falta de investimentos estatais em pequenos agricultores e pela alta dependência de alimentos importados.

O segundo é a Índia, onde a população gasta em comida duas vezes mais que cidadãos britânicos (proporcionalmente ao que recebem de salário). Um litro de leite pode custar cerca de R$ 26 na Índia.

Em terceiro, a Oxfam cita o Azerbaijão, onde a produção de trigo caiu 33% em 2010 em decorrência de más condições climáticas, forçando o país a importar grãos da Rússia e do Cazaquistão. Os preços dos alimentos no país subiram 20% em dezembro de 2010 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

Em quarto está o Leste da África, onde 8 milhões de pessoas enfrentam atualmente falta crônica de alimentos por causa da seca. Mulheres e crianças estão entre os mais afetados.

* Publicado originalmente no site EcoD.