ONU faz novo alerta para a gravidez precoce na América Latina e Caribe

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Anualmente, acontecem até 3,2 milhões de abortos inseguros em países em desenvolvimento envolvendo adolescentes de 15 a 19 anos. Estima-se que 70 mil adolescentes em países em desenvolvimento morrem a cada ano por complicações durante a gravidez ou o parto.

As implicações da gravidez na adolescência e o que pode ser feito para garantir uma transição saudável e segura para a vida adulta são algumas das questões abordadas pelo relatório “Situação da População Mundial 2013”, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que este ano traz como título “Maternidade Precoce: enfrentando o desafio da gravidez na adolescência”.

Segundo o documento – disponível em inglês e espanhol e lançado mundialmente nesta quarta-feira (30) em 150 países – meninas que ficam grávidas antes dos 15 anos em países de baixa e média renda têm o dobro de risco de morte materna e fistula obstétrica que mulheres mais velhas, especialmente na África Subsaariana e no Sul da Ásia.

O estudo alerta ainda que todos os dias, nos países em desenvolvimento, 20 mil meninas com menos de 18 anos dão à luz e 200 morrem em decorrência de complicações da gravidez ou parto.

Em todo o mundo, 7,3 milhões de adolescentes se tornam mães a cada ano, das quais 2 milhões são menores de 15 anos – número que pode aumentar para 3 milhões até 2030, se a tendência atual for mantida.

A gravidez indesejada na adolescência traz consequências para a saúde, educação, emprego e direitos de milhões de meninas em todo o mundo, e pode se tornar um obstáculo ao desenvolvimento de seu pleno potencial.

Em países desenvolvidos, afirma o estudo, 680 mil partos são de mães adolescentes. Cerca de metade deles acontece nos Estados Unidos. O documento do UNFPA aponta que 95% dos nascimentos de filhos e filhas de adolescentes ocorrem em países em desenvolvimento.

Os adolescentes representam cerca de 18% da população do mundo, sendo que 88% deles vivem em países em desenvolvimento.

O custo de oportunidade de vida relacionada à gravidez na adolescência – medida pela renda anual precedente da mãe ao longo da vida – varia de 1% do PIB anual, ou 124 bilhões de dólares, na China, a 30% do PIB, ou 15 bilhões de dólares, em Uganda.

A gravidez precoce tem um alto preço para as adolescentes nas áreas de saúde, educação e direitos. Também as impede de realizar o seu potencial e impacta negativamente o bebê. A economia do país também é afetada pela gravidez na adolescência, pelo fato de as mães adolescentes serem impedidas de entrar no mercado de trabalho.

No Quênia, por exemplo, se as mais de 200 mil mães adolescentes tivessem se empregado em vez de engravidar, 3,4 bilhões de dólares poderiam ter sido adicionados à economia.

Da mesma forma, aponta o estudo, se as meninas no Brasil e na Índia pudessem chegar até seus 20 anos para dar à luz, os países teriam uma maior produtividade econômica equivalente a mais de 3,5 bilhões e 7,7 bilhões de dólares, respectivamente.

O estudo afirma que a educação reduz a probabilidade de casamento precoce e retarda a gravidez. O casamento precoce está fortemente associado à gravidez na adolescência. Cerca de 39 mil garotas com menos de 18 anos se casam todos os dias, alertou a agência da ONU.

O documento do UNFPA pede uma “mudança no perfil de intervenções dirigidas às meninas” para “abordagens amplas que construam o capital humano das meninas, ajudem-nas a tomar decisões sobre as suas vidas, especialmente em matéria de saúde sexual e reprodutiva”, além de lhes oferecer “oportunidades reais para que a maternidade não seja vista como seu único destino”.

A abordagem proposta no estudo deve ter como alvo, diz a agência, “as circunstâncias, condições, normas, valores e forças estruturais que perpetuam a maternidade precoce, por um lado, e que isolam e marginalizam as meninas grávidas, por outro”.

“As meninas precisam ter acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva e à informação. Elas precisam ser liberadas das pressões econômicas e sociais que muitas vezes se traduzem em uma gravidez, bem como da pobreza, da falta de saúde e da não realização do potencial humano que acompanham a gravidez”, afirma o resumo do estudo em português.

Acesse o estudo em inglês ou espanhol, bem como dados e o resumo em português aqui.

* Publicado originalmente no site ONU Brasil.