Em breve a política estará na boca do povo em horários nobres

Foto: Reprodução
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Lembro-me do horário eleitoral gratuito quando a sociedade brasileira reconquistou o direito de eleger candidatos por meio do voto direto. Naquele tempo o máximo de informação veiculada era um brevíssimo curriculum, uma foto semelhante a 3×4, o número e o partido dos postulantes.

De lá para cá as estratégias de comunicação para o convencimento dos eleitores ganharam requintes de marketing e verbas robustas oriundas, em maior parte, do mundo corporativo, via caixa dois, superfaturamento de obras públicas e outros mecanismos já conhecidos por nós todos.

Nesse contexto surgiu a figura do marqueteiro político, um profissional normalmente absorvido do universo da propaganda ou da comunicação, com a responsabilidade de transformar o candidato e a sua plataforma de campanha em uma linguagem acessível e capaz de ativar a decisão de voto de cada eleitor. Se estratégia for eficiente e os candidatos tiverem histórias de serviços prestados que os respaldem, as chances de eleição são consideráveis.

No pleito para presidente deste ano os principais partidos e as coligações que disputam o primeiro lugar declararam que, somados, irão investir cerca de R$ 738 milhões. A partir do dia 19 conheceremos como cada candidatura será apresentada, mas só em outubro será possível saber qual marqueteiro foi mais eficiente e a candidatura que melhor respondeu as expectativas da maioria dos cidadãos brasileiros.

Nesses poucos dias que faltam para a estreia da Propaganda Eleitoral Gratuita do Rádio e na Televisão, as equipes guardam os seus segredos e cada uma, do seu jeito, aposta na capacidade criativa das peças de comunicação desenvolvidas para materializar ideias e promessas, a fim de fisgar o telespectador-eleitor indeciso desde o primeiro capítulo, ou melhor, desde o primeiro programa.

Apesar da força da comunicação de rádio e da TV, e mais do que em qualquer outra disputa, da internet e das Redes Sociais, o corpo-a-corpo ainda é fundamental em determinadas regiões do País, e nos próximos meses a política estará na boca do povo em horários nobres, com capítulos que poderão se alterar em função da temperatura e dos acontecimentos do dia a dia. E pelo montante disponível, dinheiro não faltará. Por aqui, fico. Até a próxima.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.