Manifestações contra a Copa do Mundo: o jeito é gerar cenas de impacto e de interesse da mídia

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Foto: Reprodução/Internet

No final da tarde da última quinta-feira, dia anunciado para manifestações contra a Copa do Mundo da FIFA, passei pela Av. Paulista e constatei que o número de ativistas era menor do que o contingente policial destinado a vigiar o evento.

Quando retornei para casa vi pelos sites dos principais veículos de comunicação que havia ocorrido confronto, disparo de bombas de gás lacrimogênio e depredação de estabelecimentos privados.

Em relação aos protestos ocorridos em junho do ano passado, articulados inicialmente pelo Movimento Passe Livre, o volume de engajados era bem pequeno. E já que a quantidade de gente não era expressiva, o jeito foi encontrar uma maneira de transformar o fato em cenas de interesse da mídia.

Nesse contexto a destruição parcial de bens privados é um grande mote. As imagens dos atos violentos, das vidraças arrebentadas, de veículos danificados, da correria e da fumaça geradas pela investida da Polícia Militar são ingredientes muito bem-recebidos pelos veículos de comunicação que buscam a espetacularização da notícia.

Com essa estratégia, as reinvindicações, muitas delas legítimas, perdem importância para as cenas impactantes, que garantem audiência, principalmente nas TVs que ganham “conteúdo cinematográfico” para os seus diversos programas jornalísticos tão profundos quanto um copo d’água. Por aqui, fico. Até a próxima.

Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.